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Governo pode manter térmicas caras ligadas por mais tempo para ajudar hidrelétricas

Rodrigo Viga Gaier

31/10/2017 13h33

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo federal avalia determinar o acionamento das termelétricas mais caras do sistema elétrico em regime emergencial, conhecido como "fora da ordem de mérito", para recuperar o nível dos reservatórios das hidrelétricas, disse nesta terça-feira (31) o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa.

Em conversa com jornalistas após participar de evento na Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, ele afirmou que essas térmicas mais caras poderiam seguir ligadas mesmo após uma retomada das chuvas esperada para breve devido ao início do verão.

Com um uso mais intenso das termelétricas, as usinas hídricas ganhariam folga para guardar em seus reservatórios um volume maior da água que chega durante o período chuvoso. Que tradicionalmente vai de novembro a abril.

"Meu sentimento é que serão mantidas térmicas fora da ordem de mérito... Esse instrumento muito possivelmente será necessário quando a chuva vier... Para evitar fragilidade para os anos seguintes", disse Pedrosa.

As decisões sobre o acionamento dessas termelétricas são tomadas pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), formado por autoridades do governo e de órgãos do setor de energia.

Uma reunião do CMSE está agendada para a quarta-feira, segundo Pedrosa. O acionamento das térmicas fora de ordem de mérito vai constar da pauta.

Petrobras

As autoridades do CMSE também querem viabilizar a retomada da geração na termelétrica Cuiabá, operada pela Âmbar Energia, empresa do grupo J&F, dono do grupo de alimentos JBS.

A usina está parada desde junho, após a Petrobras cancelar um contrato de fornecimento de gás na sequência da delação premiada de executivos da J&F.

A petroleira estatal alegou que as delações evidenciaram que houve descumprimento de cláusula anti-corrupção do acordo, o que a Âmbar Energia nega.

Pedrosa disse que o governo tem mantido conversas com a Petrobras e vê "boa vontade" na empresa para solucionar o problema.

Uma das possibilidades, disse ele, seria fazer uma espécie de operação triangular, em que a Petrobras forneceria o gás para um terceiro grupo, que repassaria o combustível à termelétrica da Âmbar. Outra hipótese seria o arrendamento da termelétrica.

"Sabemos que existe um conflito em Cuiabá e no relacionamento entre a Petrobras e a térmica, mas ambos sabem a importância da térmica para o país... Estamos falando do interesse do sistema... Acho que vai haver maturidade das duas partes", afirmou Pedrosa.

Ele disse também que o governo pretende agilizar a importação de combustível da Argentina para abastecer a termelétrica de Uruguaiana, da AES Brasil.

A usina, no Rio Grande do Sul, também está parada desde 2008 devido à falta de fornecimento de combustível, mas chegou a ser acionada emergencialmente por curtos períodos em 2013 e 2014.

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