Maia diz que aprovação da Previdência não será fácil e não votar até 19 de fevereiro inviabiliza votação este ano
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta terça-feira a empresários, em Nova York, que não será fácil votar a reforma da Previdência até 19 de fevereiro e que, apesar da prioridade que é dada à reforma, isso é feito sem "nenhum tipo de otimismo".
"Nesse momento a gente prioriza a agenda da reforma sem nenhum tipo de otimismo, sem nenhum discurso em que a gente diga que essa é uma matéria que estará resolvida em fevereiro. Não é fácil", disse Maia em discurso na Câmara de Comércio Brasil-EUA.
Ao sair do encontro, questionado sobre a visão pessimista apresentada aos empresários, Maia negou que seja apenas pessimismo.
"Eu não posso ir para nenhum ambiente no Brasil ou no exterior e mentir. Já tem muito político mentiroso no Brasil, né? Acho que chega. Está na hora de a gente falar a verdade, e a reforma da Previdência não é uma votação simples", disse.
Maia afirmou ainda que "não é fácil votar este ano" e que, se a reforma não for aprovada até 19 de fevereiro, "não conseguirá votar mais".
O presidente da Câmara afirmou ainda aos empresários que o governo hoje não tem a base para votar a reforma. Segundo ele, dos 360 aliados que havia na Câmara antes das denúncias contra o presidente Michel Temer, sobraram 250.
"São necessários 308 votos. Com certeza os deputados não irão ao plenário sem a certeza que existe uma margem", disse.
Maia também atribuiu ao calendário de votações com prioridade para a aprovação do teto de gastos as dificuldades com a reforma. As denúncias contra Temer, disse, criaram um enorme problema para o calendário do Congresso, com cinco meses praticamente dedicados apenas às denúncias.
"Nos gerou um grande problema. Como a prioridade foi o teto e não a reforma, estamos olhando para 2019 com um grave problema fiscal pela frente e uma reforma que precisa ser votada este ano", afirmou.
O teto de gastos era uma prioridade do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que se empenhou pessoalmente pela sua aprovação. Meirelles disputa hoje com Maia a tentativa de reunir em torno de seu nome o que hoje é a base do governo Temer para uma candidatura à Presidência da República.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)
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