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Desistir da Previdência pesa sobre rating do Brasil, dizem agências

Patrícia Duarte e Iuri Dantas

20/02/2018 17h18

SÃO PAULO (Reuters) - A desistência do governo em aprovar a reforma da Previdência neste ano representa um fator negativo nas análises sobre o rating do Brasil, avaliaram nesta terça-feira as agências de classificação de risco Moody's e a Fitch.

A desistência é ruim para a classificação de risco do Brasil, porque limitará a capacidade de cumprir a regra do teto de gasto, afirmou o analista-sênior da agência Moody's, Samar Maziad.

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"Embora já esperássemos que uma reforma ampla fosse improvável, abandonar os planos para aprovar a proposta é negativo para o perfil de crédito do país, uma vez que restringirá fortemente a capacidade das autoridades de cumprir o teto de gastos do governo nos próximos anos", disse, referindo-se à regra que limita os gastos à inflação do ano anterior.

A Moody's classifica atualmente o país com nota "Ba2", com perspectiva negativa, já sem o chamado "grau de investimento", que classifica os emissores de dívida como bom pagadores.

O fracasso em aprovar a reforma da Previdência é um dos pontos que pressionam para o rebaixamento do rating soberano do Brasil, também disse a diretora-sênior da agência de classificação de risco Fitch, Shelly Shetty, em comunicado.

"A pressão para baixo no rating soberano do Brasil ("BB"/perspectiva negativa) continua refletindo os altos déficits fiscais, o elevado e crescente peso da dívida e o fracasso em aprovar a reforma da previdência, que contribuiria para reduzir as pressões estruturais sobre as despesas", diz o comunicado.

Pacote econômico

Na véspera, o governo jogou a toalha sobre a votação da reforma da Previdência e apresentou um conjunto de medidas econômicas, boa parte delas já em tramitação no Congresso, para tentar amenizar o impacto da decisão no ambiente econômico.

Apesar de esperada, a desistência oficializa o adiamento da solução para colocar as contas públicas do Brasil em ordem, o que deve pressionar o próximo governo a ser eleito neste ano.

De forma geral, os agentes econômicos esperam que a Moody's e a Fitch rebaixem novamente o Brasil em breve, seguindo o que já fez a Standard & Poor's, que cortou o rating a "BB-", ante "BB", justamente em função da demora na aprovação de medidas para reequilibrar as contas públicas e de incertezas ligadas às eleições.

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