Ex-presidente do Cade vai presidir entidade de criptomoedas e blockchain
Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - Um grupo de pequenas empresas ligadas ao mercado de moedas virtuais lançará na quinta-feira uma entidade do setor, a Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain (ABCB), que será presidida por Fernando Furlan, ex-presidente do órgão encarregado pela defesa da concorrência, o Cade.
"Minha vinda tem tudo a ver com concorrência e inovação", disse Furlan, que também já foi secretário-executivo do então Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O movimento acontece na esteira da rápida expansão do setor no Brasil. Segundo a ABCB, só o bitcoin, a mais conhecida das criptomoedas, movimentou mais de 8 bilhões de reais em 2017.
Ainda assim, reguladores do mercado financeiro de capitais, como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), têm mostrado preferir aguardar os movimentos internacionais sobre o tema antes de discutirem uma regulação para o setor. Isso especialmente depois que países como China e Índia impuseram proibições severas ao uso da moeda e que grandes bancos globais, incluindo JP Morgan e Citi, proibiram a compra de criptomoedas com seus cartões de crédito.
Aqui, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, chegou a chamar o bitcoin de pirâmide financeira.
"Há um preconceito natural contra novidades como essas", disse Furlan. "É uma situação parecida com a do Uber, que poderia já ter desistido do Brasil."
O executivo disse que começará em breve a conversar com representantes do BC e da CVM, além de representantes do Congresso Nacional por meio de uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para esclarecer eventuais dúvidas.
"É compreensível que as autoridades em vários locais do mundo estejam preferindo ficar com um pé atrás, mas não se pode matar um mercado que está nascendo."
Ao representar também o segmento de blockchain, plataforma tecnológica que dá sustentação às moedas virtuais, a ABCB também poderá ter entre como sócios entidades de maior porte, como os próprios bancos, que já usam a tecnologia em fase de testes para algumas aplicações internas e nas relações entre eles.
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