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Governo vê redução de protestos e aposta em fim de desabastecimento, dizem ministros

25/05/2018 20h57

Por Maria Carolina Marcello e Leonardo Goy

BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal acredita em um arrefecimento dos protestos e bloqueios nas estradas de todo país por parte dos caminhoneiros e aposta na retomada do abastecimento de itens críticos como combustíveis e medicamentos, mas ao mesmo tempo adotou medidas duras, como o uso das Forças Armadas.

Em coletiva na noite desta sexta-feira, ministros que integram um grupo de monitoramento do assunto afirmaram ter dados que comprovam a desmobilização parcial de caminhoneiros, ainda que admitam que a liberação das rodovias não têm ocorrido com a velocidade que esperavam após o acordo selado na véspera com representantes da categoria.

Segundo o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, informações colhidas pela Polícia Rodoviária Federal e pelos órgãos de inteligência ligados ao Gabinete de Segurança Insitucional (GSI) apontam que as interdições restantes são parciais.

"O nosso entendimento, com dados objetivos e são dados absolutamete críveis, é que há de fato um declínio em termos de movimento e as interdições que existem são parciais", disse Jungmann a jornalistas. Segundo as autoridades, de um pico de 938 bloqueios, 419 já foram dissolvidos, enquanto 519 persistem.

Na visão do governo, muitos dos que protestam não se sentem representados pelas lideranças que sentaram para negociar e discordam do que foi acertado, por entenderem que poderiam ter outras demandas atendidas.

Ainda assim, mesmo diante da resistência de boa parte dos caminhoneiros, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, garantiu que o governo cumprirá sua parte do acordo que envolve, dentre outros pontos, a isenção da Cide sobre o óleo diesel e prevê o congelamento do preço do combustível nos níveis anunciados pela Petrobras nesta semana por 30 dias.

Em troca, os representantes dos caminhoneiros consultariam a categoria para suspender a greve por 15 dias.

"O acordo está mantido", assegurou Marun. "Não há negociação, mas há diálogo", acrescentou, logo após Padilha afirmar que da parte do governo a negociação "está encerrada".

Segundo o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, entre as prioridades estabelecidas pelo governo está a liberação das refinarias.

"Já começou hoje à tarde. Tão logo assinou o decreto, já tinha tropa na refinaria de Duque de Caxias (RJ) em condições de desobstruir. E foi feito isso hoje", disse o ministro.

Além disso, o ministro mencionou que 11 aeroportos foram listados como prioridade para garantir o acesso de caminhões com combustíveis para aeronaves. Ele citou, entre eles, os terminais de Salvador (BA) e Brasília (DF).

O ministro disse que as Forças Armadas não imaginam que haverá confronto para executar as ações de liberação das estradas e das cargas. "A ação não é contra os caminhoneiros, é para permitir o trânsito, o direito de ir e vir e o abastecimento".

Também houve ações para liberar o tráfego no Porto de Santos.

FORÇAS ARMADAS

Ainda que os ministros garantam estar munidos de dados "científicos" que os permitem afirmar que há um arrefecimento dos protestos, o governo mobilizou instrumentos mais rígidos para liberar as estradas e garantir o abastecimento.

Segundo Padilha, o presidente Michel Temer assinou nesta sexta-feira um decreto que institui a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que autoriza o uso das Forças Armadas, em todo território nacional, com validade até o dia 4 de junho.

Também acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação com pedido de liminar para o desbloqueio imediato de estradas com o uso da Polícia Rodoviária Federal, da Força Nacional e das Polícias Militares. A liminar foi concedida pelo tribunal.

Outra medida que pode ser adotada, segundo o ministro do GSI, Sérgio Etchegoyen, é um decreto que autorize a requisição de bens, nos casos em que houver resistência por parte de caminhoneiros ou empresas transportadoras a reestabelecer o abastecimento.

Os ministros explicaram que poderiam até ser utilizados, nesses casos, motoristas das Forças Armadas para garantir o transporte de cargas.

Segundo Etchegoyen, o "gatilho" para a decisão do governo de lançar mão de ações como o uso das Forças Armadas foi o risco de desabastecimento.

O ministro da Segurança, Jungmann, também informaram que já solicitou investigação para apurar se há casos do chamado locaute, quando empresários impedem funcionários de trabalharem, na paralisação dos caminhoneiros.