Protestos podem afetar exportação de soja do Brasil a partir de sábado, diz Abiove
Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja e derivados do Brasil, maior exportador global da oleaginosa, deixarão de ocorrer a partir de sábado, caso as manifestações que bloqueiam rodovias não sejam encerradas, disse nesta sexta-feira à Reuters o dirigente da associação das indústrias Abiove.
Desde segunda-feira, as manifestações atrapalham o fluxo de produtos para os portos, e o setor teve que trabalhar com estoques, que estão acabando nos terminais.
"Se a greve continuar, amanhã (sábado) já tem problema nos embarques. A partir de agora não vai ter mais estoques. Hoje, digamos, é o último dia (de reservas)", afirmou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar.
"Cada dia sem exportar são 320 mil toneladas de farelo e soja não exportados."
Tanto Paranaguá (PR) quanto Santos (SP), os dois principais terminais de escoamento de soja, praticamente não estão recebendo caminhões com produtos nos últimos dias.
A Abiove estima uma exportação recorde de soja pelo Brasil neste ano, de 72,1 milhões de toneladas. A projeção foi divulgada nesta quinta e supera os 71,2 milhões da estimativa anterior.
O aumento de 900 mil toneladas na previsão ocorre apesar dos protestos, com o setor apostando na forte demanda pelo produto brasileiro, em meio a um câmbio que favorece a competitividade da commodity do país.
Apesar de um acordo entre parte da categoria e o governo na véspera, prevendo uma trégua nas manifestações, mais de 20 Estados e o Distrito Federal ainda registravam bloqueios nesta sexta-feira.
A soja é o principal produto de exportação do Brasil, e o setor prevê obter 36,866 bilhões de dólares com as vendas externas em 2018, considerando grão, farelo e óleo, segundo dados revisados pela Abiove nesta sexta-feira.
PROCESSAMENTO
O esmagamento de soja no Brasil e a produção de seus derivados estão praticamente parados, devido aos protestos dos caminhoneiros, segundo Nassar.
"A informação que temos de nossas associadas é de que praticamente não há mais fábrica de farelo funcionando... E a produção de biodiesel parou quase totalmente. Não está saindo biodiesel, porque as distribuidoras não têm caminhão para retirar", afirmou ele.
Rivalizando com os Estados Unidos pelo posto de maior produtor mundial, o Brasil acaba de colher uma safra recorde de soja, de quase 120 milhões de toneladas.
Conforme dados repassados pelo presidente da Abiove, no país há 138 processadoras da oleaginosa em atividade. O processamento previsto pela associação para este ano é de 43,6 milhões de toneladas.
Segundo Nassar, são 52 usinas de biodiesel no Brasil, com capacidade instalada de 22,8 milhões de litros do produto por dia.
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