Advent International adquire fatia majoritária do Walmart no Brasil
O Walmart informou nesta segunda-feira (4) que vendeu uma participação de 80% nas operações no Brasil para a empresa de private equity Advent Internacional, deixando um negócio de fraco desempenho em seu terceiro maior acordo internacional desde abril.
A maior varejista do mundo vem buscando alavancar suas operações fora dos Estados Unidos, recuando em mercados de crescimento mais lento e investindo em lugares como China e Índia. O Brasil foi por uma década foco de expansão, mas a unidade perdeu força nos últimos anos com problemas operacionais combinados com os efeitos de uma forte recessão.
- Empresa de investimentos compra operações da Starbucks no Brasil
- Empresário confessa fraude contra ex e tenta voltar a gigante do varejo
- Bayer diz que vai extinguir marca Monsanto após compra da empresa
O Walmart não divulgou o valor da transação, mas disse que registraria um custo não-caixa de cerca de US$ 4,5 bilhões relacionado ao acordo no segundo trimestre. A varejista vai manter a fatia remanescente de 20% no Walmart Brasil.
As ações do Walmart subiam mais de 2,5%, com analistas dizendo que o acordo permite que a empresa volte as atenções para mercados mais promissores.
Duas pessoas envolvidas no acordo disseram que o custo é perto do valor da unidade brasileira nos registros do Walmart, o que significa que o valor do negócio é perto de zero. As fontes se recusaram a especificar o valor exato do acordo e uma delas afirmou que o valor final de passivos ainda não estava determinado.
O porta-voz do Walmart Randy Hargrove disse que a varejista não vai receber pagamento pela unidade, mas pode receber até US$ 250 milhões da Advent com base no desempenho da unidade. O Walmart não divulga detalhes financeiros para o Brasil.
O Walmart está tentando alcançar os concorrentes que vão desde a supermercadista Aldi até a Amazon.com nos principais mercados internacionais. Os negócios internacionais de baixo desempenho do varejista representaram menos de um quarto da receita total de US$ 500,3 bilhões no ano fiscal de 2018.
Em um esforço para ajustar seu desempenho internacional, o presidente-executivo do Walmart, Doug McMillon, indicou em janeiro a vice-presidente de operações Judith McKenna para coordenar a unidade internacional.
O Walmart recentemente vendeu uma fatia majoritária em seu negócio britânico ASDA para a J Sainsbury e pagou US$ 16 bilhões por uma participação majoritária na empresa de comércio eletrônico da Índia Flipkart.
Steven Roorda, gestor de portfólio da Stonebridge Capital Advisors e que detém ações do Walmart, disse que a varejista vem sofrendo fora da América do Norte e que o presidente-executivo "McMillon (está) escolhendo mercados que ele pensa que pode ganhar escala e ganhar."
A medida tem efeito positivo na classificação da empresa, uma vez que permite que o Walmart faça investimentos em lugares que têm potencial de longo prazo, disse o analista da Moody's Charlie O'Shea.
O Walmart vinha buscando compradores para o seu negócio no Brasil e sondou investidores em potencial no ano passado, mas não recebeu interesse de varejistas concorrentes, de acordo com uma fonte.
A Reuters informou em janeiro que o Walmart estava oferecendo sua unidade no país para empresas de private equity como Advent e outras.
Em março, a Reuters informou que, no processo de due diligence, potenciais compradores estimaram que o Walmart deve até US$ 3 bilhões em impostos a governos estaduais no Brasil, potencialmente somando-se à pressão por um desconto na venda.
O Walmart entrou no Brasil em 1995 e cresceu para se tornar o terceiro maior varejista do país após duas aquisições em 2004 e 2005 e um período de rápida expansão de lojas que foi paralisado em 2013.
Atualmente, a empresa opera 471 lojas no Brasil, segundo seu site local. A unidade brasileira da varejista reportou receitas de quase R$ 30 bilhões em 2016.
O Walmart reportou prejuízo operacional no Brasil por sete anos seguidos, após uma expansão agressiva de uma década deixar a empresa com locações fracas, operações ineficientes, problemas trabalhistas e preços não competitivos.
Uma fonte com conhecimento do assunto disse que as operações do Walmart no Brasil não melhoraram ao longo dos últimos dois anos, o que coincidiu com a pior recessão do país em décadas.
Como resultado da transação, o Walmart espera registrar uma perda líquida não-caixa de cerca de US$ 4,5 bilhões como um item especial no segundo trimestre.
Atacarejo
Uma das fontes, que pediu anonimato porque os detalhes da transação não foram todos divulgados, disse que a Advent deve investir principalmente no negócio de atacarejo.
Esse formato ganhou popularidade durante a recente recessão no Brasil, com lojas agindo como atacadista, mas também atraindo consumidores em busca de barganha.
O acordo inclui um compromisso da Advent de investir no negócio nos próximos anos, disse a fonte, dando ao Walmart potencial impulso para sua fatia remanescente.
"Nós planejamos investir no negócio, trabalhar com o time de gerenciamento do Walmart Brasil, criar uma empresa mais ágil e moderna", disse Patrice Etlin, sócio gestor da Advent International no Brasil, em comunicado.
A transação está sujeita a aprovação regulatória e a varejista espera concluir o negócio ainda este ano.
Uma parcela significativa do prejuízo líquido será devido a perdas com conversão cambial e o prejuízo final pode flutuar de forma significativa devido a mudanças em taxas de câmbio até a data de conclusão da operação, disse a empresa.
A empresa não espera impacto material no lucro por ação no atual ano fiscal e um impacto ligeiramente positivo no próximo ano fiscal.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.