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Novo ministro das Finanças da Turquia enfrenta batalha de credibilidade com mercados

Mucahit Yapici/AP
Imagem: Mucahit Yapici/AP

Humeyra Pamuk

15/08/2018 15h39

 ISTAMBUL (Reuters) - Encarando a mais grave crise cambial da Turquia desde 2001 em seu primeiro mês no cargo, o ministro das Finanças do país, Berat Albayrak, tem o desafio de assegurar a investidores globais que a economia turca não é refém de interferências políticas.

Ex-executivo corporativo com PhD em Finanças, com uma abordagem mais mão na massa e disposição para ouvir opiniões contrárias, Albayrak, de 40 anos, é bem preparado para a tarefa, segundo acadêmicos turcos e colunistas que participaram de encontro com ele em julho.

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A lira perdeu quase 40 por cento contra o dólar neste ano e despencou para a mínima de 7,24 na segunda-feira. Desde então, mostrou alguma recuperação, rondando ao redor de 6, na comparação com o dólar, nesta quarta-feira.

Um teste crucial aguarda Albayrak na quinta-feira, quando ele participará de uma teleconferência com 3 mil investidores e economistas.

Apesar de confiante e articulado, o ministro encara um desafio de credibilidade já que o responsável por sua indicação, o presidente Tayyip Erdogan, também é seu sogro. Erdogan também contribuiu para a queda da lira com os apelos por taxas de juros baixas mesmo com a subida da inflação.

Albayrak precisa convencer um mercado tomado por volatilidade de que a política monetária da Turquia será determinada pela realidade econômica - e um banco central independente - ao invés de um poderoso chefe de família por trás de sua meteórica ascensão.

Economistas atribuíram a recuperação modesta da lira nesta quarta-feira a medidas tomadas pelo banco central do país, que apertou a liquidez da moeda, aumentando os custos de empréstimos sem elevar a taxa de juros de referência.

Os discursos públicos de Albayrak foram menos bem sucedidos até agora.

Na última sexta-feira, de uma sala do palácio Dolmabahce, luxuoso prédio da era otomana, ele destacou o novo plano econômico do governo para banqueiros e líderes empresariais.

Ele prometeu independência do banco central, um maior rigor fiscal, reformas estruturais e "um crescimento sustentável e saudável". Contudo, a falta de detalhes ou de uma ação mais clara preocupou os mercados.

"O problema aqui é a falta de credibilidade", disse o estrategista em mercados emergentes do Rabobank, Piotr Matys. "O mercado não quer dar a ele o benefício da dúvida."

(Reportagem adicional de Clair Milhench, em Londres)

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