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Populismo italiano desafia UE com planos para aumentar déficit orçamentário

28/09/2018 14h10

Por Giuseppe Fonte e Angelo Amante

ROMA (Reuters) - O governo populista da Itália rejeitou os protestos de seu próprio ministro da Economia e apoiou o aumento significativo no déficit orçamentário do próximo ano, assustando os mercados financeiros e iniciando um desentendimento com Bruxelas.

Depois de uma disputa com o ministro da Economia, Giovanni Tria, durante semanas, o governo de quatro semanas propôs na quinta-feira um déficit para 2019 que representa 2,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), três vezes maior do que a meta do governo anterior.

Os gastos destinam-se a financiar as promessas de campanha dos partidos governistas - partido italiano anti-establishment Movimento 5 Estrelas e a sigla de extrema-direita Liga - para reduzir a idade de aposentadoria, cortar impostos, investir em infraestrutura e aumentar o bem-estar social.

O problema é que a Itália tem a maior dívida entre as grandes economias da União Europeia, a 131 por cento do Produto Interno Bruto. O país está sob pressão da UE para conter seus gastos em meio a temores de que a situação possa plantar as sementes de uma crise de dívida no coração da zona do euro.

Em um movimento que certamente incomodará a Comissão Europeia, que monitora e aplica as regras fiscais da UE, o governo prevê o déficit em 2,4 por cento nos próximos três anos, em vez de cair progressivamente em direção a zero como recomendou a Comissão.

E ainda assim a primeira reação de Bruxelas foi comedida.

O comissário europeu de Economia, Pierre Moscovici, disse que nada seria obtido em um confronto com a Itália, mas acrescentou: "Nós também não temos interesse em que a Itália não respeite as regras e não reduza sua dívida, que permanece explosiva".

O orçamento agitou os mercados, provocando venda de títulos e queda nas ações bancárias, embora ambos tenham se recuperado ligeiramente à tarde.

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse estar "muito preocupado", enquanto o ministro finlandês das Finanças, Petteri Orpo, afirmou: "O populismo e a responsabilidade nem sempre se encaixam no mesmo lugar".

REUTERS SI CMO