Bancada do agronegócio admite continuidade da separação de Agricultura e Meio Ambiente, diz líder da UDR
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A bancada do agronegócio já admite a possibilidade de manutenção da separação dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, embora o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, tenha declarado o desejo de fundir as pastas dentro da meta de reduzir o número de ministérios em seu eventual governo, disse o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Nabhan Garcia.
Cerca de 40 integrantes da bancada ruralista e do setor do agronegócio se reuniram na manhã desta quarta-feira com Bolsonaro, na casa do capitão da reserva, no Rio de Janeiro.
Antes do encontro, o porta-voz do grupo e líder dos ruralistas, havia dito que o grupo apoiava a união das duas pastas, mas depois da reunião com Bolsonaro, o discurso foi amenizado.
A fusão das duas pastas tem recebido críticas de autoridades e especialistas. Na semana passada, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, disse que a medida poderia ser mal interpretada no exterior como um retrocesso na política de proteção ambiental do país e prejudicaria a visão global da indústria agrícola brasileira.
“Se for melhor para o Brasil que haja Ministério da Agricultura e do Meio Ambiente vamos conversar após a eleição... se tiver que rever a posição (da fusão), será revista”, disse Garcia a jornalistas.
“Se tiver que haver uma flexibilização, haverá... o Bolsonaro sempre esteve aberto", acrescentou. "Se tiver que flexibilizar, vai haver. Queremos governar o país com diálogo e flexibilização, com harmonia e sem radicalismo.”
Bolsonaro recebeu nesta semana visitas da chamada bancada da bala e da evangélica, de empresários da indústria pesada, comércio exterior, petróleo e energia. Prefeitos de diversas regiões do país também manifestaram apoio a Bolsonaro.
“Hoje foi a vez de quem ajuda pagar a conta do Brasil e estamos reiterando nosso apoio. Aqui sempre foi incondicional e não foi nos 45 do segundo tempo", disse Garcia na saída do encontro.
A base produtora rural vai indicar o eventual futuro ministro da Agricultura do governo Bolsonaro, e o nome de Nabhan Garcia está entre as especulações para o cargo.
O líder da UDR disse que sofre para poder produzir no país, em críticas veladas a órgãos ambientais. Garcia garantiu no entanto que o eventual governo de Bolsonaro não pretende extinguir ou enfraquecer órgãos como Ibama e Incra, entre outros.
Garcia fez também criticas ao Acordo de Paris e disse que há pontos que ferem a soberania nacional.
PREOCUPAÇÕES
Em conversa recente com investidores, segundo uma fonte ouvida pela Reuters, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), disse que, em uma eventual fusão dos ministérios, lideranças do setor estão preocupadas com a eventual assunção de demandas da área do meio ambiente. Um dos receios é o prazo para que capitais e municípios encerrem lixões -o prazo depende do número de habitantes.
Essa visão, segundo a fonte, já foi repassada por integrantes da FPA ao próprio Bolsonaro.
A avaliação de integrantes da frente, segundo a fonte, é que em princípio pode ser bom fundir as pastas, como é na Inglaterra, mas no Brasil há o receio de que isso possa se tornar mais problema do que solução.
(Por Rodrigo Viga Gaier, com reportagem adicional de Ricardo Brito em Brasília)
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