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Vale tem fortes ganhos no 3º tri, mas resultado líquido cai com câmbio

Marta Nogueira e Roberto Samora

24/10/2018 20h09

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A Vale registrou lucro líquido atribuído ao acionista de R$ 5,75 bilhões no terceiro trimestre, queda de 19,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, sob impacto do câmbio, apesar do forte resultado operacional guiado pela demanda da China por seu minério de ferro de melhor qualidade.

O resultado líquido da maior produtora global de minério de ferro e níquel disparou na comparação com o segundo trimestre, quando a empresa registrou R$ 306 milhões, informou a mineradora nesta quarta-feira (24).

O lucro líquido recorrente, que desconsidera efeitos como de flutuações cambiais, subiu cerca de 25%, para R$ 8,3 bilhões, em um período em que a empresa bateu recordes de produção e vendas de minério de ferro e pelotas, com altos prêmios.

"Os fortes resultados do terceiro trimestre mostram a mudança estrutural nos mercados de minério de ferro e aço chineses. Somos a empresa de mineração mais bem posicionada para nos beneficiarmos do 'flight to quality', dada a crescente participação de produtos premium", disse o diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, no relatório.

Segundo a companhia, os prêmios de qualidade de minério de ferro e pelotas alcançaram recorde de 11 dólares/tonelada, representando um aumento de 4,2 dólares/tonelada ante o terceiro trimestre de 2017, "compensando totalmente a queda nos preços de minério de ferro".

Por outro lado, o real se depreciou 3,8% em relação ao dólar, gerando um efeito contábil negativo não-caixa que reduziu o lucro líquido da Vale em R$ 2,7 bilhões.

Com os prêmios pelos seus produtos e maiores volumes, a receita líquida da mineradora somou R$ 37,9 bilhões no terceiro trimestre, alta de cerca de 32% ante o mesmo período de 2017.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da empresa, entre julho e setembro, de R$ 17,4 bilhões, aumentou 31% ante um ano antes.

Apesar da queda de US$ 4 por tonelada nos preços do minério de ferro, o Ebitda de ferrosos aumentou no terceiro trimestre em R$ 3,8 bilhões, ante o mesmo período do ano passado, para R$ 15,7 bilhões, refletindo a estratégia da empresa de buscar margens em detrimento de volumes.

Uma busca da China por produtos que resultem em menor poluição aumentou a demanda por minério com menos contaminantes, como alumina e fósforo.

Já o Ebitda de metais básicos foi de R$ 2,1 bilhões no terceiro trimestre, uma queda de R$ 709 milhões quando comparado ao segundo trimestre, principalmente, devido aos preços mais baixos de níquel, cobre e cobalto e à parada programada de manutenção anual de Sudbury.

Fluxo de caixa e dividendos

A geração de fluxo de caixa livre de US$ 3,1 bilhões, segundo a Vale, permitiu que a empresa se aproximasse da meta de dívida líquida de US$ 10 bilhões.

A empresa informou que reduziu a dívida líquida para US$ 10,7 bilhões, menor nível desde o terceiro trimestre de 2009, "praticamente" concluindo seu programa de desalavancagem. No fim do segundo trimestre, a dívida líquida era de US$ 11,5 bilhões.

A queda da dívida ocorreu apesar do pagamento da remuneração aos acionistas de US$ 1,9 bilhão e do programa de recompra de ações de US$ 489 milhões, ocorrido no terceiro trimestre.

"Se entregarmos os mesmos resultados no próximo trimestre, nosso dividendo mínimo relativo ao segundo semestre, segundo nossa política, será de US$ 2,3 bilhões, contra US$ 1,9 bilhão no primeiro semestre", disse a Vale.

Os investimentos totalizaram US$ 692 milhões no terceiro trimestre, sendo compostos por US$ 123 milhões em execução de projetos e US$ 569 milhões na manutenção das operações.

A mineradora ainda informou que aprovou investimentos de US$ 1,1 bilhão para a expansão da mina de cobre Salobo, no Pará, em movimento que busca ampliar a produção do metal em meio a expectativas de maior demanda com o desenvolvimento de baterias para carros elétricos no futuro.