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Dólar firma alta ante real com correção e à espera de novidades sobre planos do novo governo

29/10/2018 14h58

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar firmou trajetória de alta ante o real nesta segunda-feira, em um movimento de correção das quedas recentes e com o mercado à espera de esclarecimentos sobre os planos de governo de Jair Bolsonaro (PSL) após a vitória nas eleições presidenciais.

Às 14:56, o dólar avançava 0,82 por cento, a 3,6844 reais na venda, depois de marcar a mínima de 3,5822 reais logo após a abertura. Na máxima, o dólar foi a 3,7074 reais ao ultrapassar um ganho de 1 por cento.

O dólar futuro tinha alta de cerca de 1,2 por cento.

"Não acabou o bom humor (com a vitória de Bolsonaro). Está havendo uma zeragem de posições, uma realização", disse o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado ao explicar a inversão da trajetória do dólar da queda registrada pela manhã para uma alta.

Entre o primeiro e o segundo turno da eleição presidencial, o dólar perdeu 20 centavos de real com o mercado montando posições para a decisão de domingo passado, em que o capitão da reserva do Exército de 63 anos derrotou o petista Fernando Haddad.

Na sexta-feira, o dólar chegou a atingir o menor valor em cinco meses, devido ao otimismo dos investidores com a vitória de Bolsonaro.

"Existia ainda algum hedge nas posições para o risco Haddad, que foi logo devolvida na abertura", completou Alessie Machado.

Com boa parte da vitória de Bolsonaro já precificada, os investidores estão de olho agora nos próximos passos do governo de Bolsonaro, principalmente no que se refere à economia.

"Os próximos drivers para o dólar local serão a divulgação da equipe econômica e esclarecimentos em relação ao plano de governo", afirmou o sócio da assessoria de investimentos Criteria Investimentos, Vitor Miziara, referindo-se a questões como controle de gastos e reforma da Previdência.

Em seu primeiro discurso após ser declarado vitorioso, Bolsonaro prometeu respeitar a Constituição, fazer um governo democrático e unificar o país, além de defender compromisso com a responsabilidade fiscal.

O economista Paulo Guedes, que comandará o Ministério da Fazenda no novo governo e foi o principal motivo para Bolsonaro angariar o apoio do mercado financeiro, declarou que buscará zerar o déficit fiscal em um ano, além de colocar a reforma da Previdência como prioridade.

No exterior, o dólar ganhava força ante as divisas de países emergentes e já subia ante o peso chileno, embora o maior avanço ocorresse ante o peso mexicano após uma votação em consulta pública pela interrupção das obras de um aeroporto parcialmente construído na Cidade do México no valor de 13 bilhões de dólares. O cancelamento custaria 6,1 bilhões de dólares.

Ante a cesta de moedas, o dólar subia em dia de fraqueza do euro após a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ter declarado que não buscará uma reeleição como presidente do partido, marcando o fim de uma era de 13 anos em que ela dominou a política europeia.

O Banco Central vendeu nesta sessão 7,7 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 7,70 bilhões de dólares do total de 8,027 bilhões de dólares que vence em novembro.

Se mantiver essa oferta amanhã e vendê-la integralmente, terá feito a rolagem total dos contratos.