Ambev e Volkswagen concluem piloto de testes de 1º caminhão elétrico para transportar bebidas
Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A cervejaria Ambev e a alemã Volkswagen Caminhões e Ônibus concluíram a fase piloto de testes do primeiro caminhão elétrico e-Delivery para transporte de bebidas, informaram as empresas nesta terça-feira.
Pesando 13 toneladas com a carga completa, o veículo 100 por cento elétrico percorreu em 30 dias mais de 900 quilômetros em rotas mais comuns de entrega e distribuição da cervejaria na cidade de São Paulo, com redução de 0,7 tonelada nas emissões de CO2.
“Já economizamos nos testes 200 litros de diesel”, disse o diretor de sustentabilidade e suprimentos da Ambev, Guilherme Gaia, em evento na capital paulista para apresentar o protótipo.
Segundo Gaia, foram feitas 369 entregas com o e-Delivery, o equivalente a quase 6 mil caixas ou 150 toneladas de produtos, incluindo cervejas e refrigerantes.
A parceria foi anunciada em agosto e prevê o uso de pelo menos 1.600 caminhões elétricos até 2023, de modo que 35 por cento da frota que atende a Ambev seja composta por veículos movidos a energia limpa.
“É o maior compromisso de caminhões elétricos do mundo, já são 1.617 e podem ser mais”, afirmou o vice-presidente de Sustentabilidade e Suprimentos da Ambev, Rodrigo Figueiredo.
Gaia ressaltou que os caminhões elétricos começam a ser entregues em 2020 e servirão para renovação da frota dos operadores logísticos da cervejaria, substituindo veículos comprados entre 2010 e 2012.
De acordo com ele, a companhia também está desenvolvendo junto com a Volkswagen outros modelos de 17 e 24 toneladas, ainda sem previsão de testes.
A parceria faz parte dos esforços da Ambev para desenvolver práticas mais sustentáveis de negócios. Só nos últimos cinco anos, a fabricante de bebidas investiu cerca de 1 bilhão de reais em projetos de sustentabilidade.
Gaia comentou que a cervejaria já foi procurada por outras montadoras após o anúncio do acordo com a Volkswagen e as duas empresas esperam que o movimento desencadeie um "efeito manada" no mercado, especialmente após o governo anunciar programa de fomento ao uso de energia limpa por empresas e pessoas físicas por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O presidente-executivo da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes, afirmou que a montadora alemã também está conversando com centenas de clientes interessados em desenvolver veículos adaptados às suas necessidades.
"Vamos começar a produção em série a partir de 2020... No momento conversamos com outros clientes e parceiros no desenvolvimento (da tecnologia)", afirmou Cortes, citando a também alemã Siemens e a brasileira Weg.
Conforme o executivo da Volkswagen, a montadora se prepara para iniciar dentro de seis meses os testes do E-flex, um ônibus híbrido com 17 toneladas, movido a energia elétrica ou múltiplos combustíveis.
"Nossa prioridade é (testar o caminhão elétrico) urbano pequeno, mas o próximo será o ônibus elétrico, possivelmente em São Paulo", contou Cortes, sem identificar a companhia parceira no projeto.
De acordo com ele, o E-flex é um veículo híbrido que carrega a bateria com motor de Golf e entrega 35 por cento mais eficiência que um caminhão a diesel. Assim como o e-Delivery, o motor do ônibus é produzido pela Weg.
Questionado se a Volkswagen planejava investir em sua fábrica de Resende (RJ), onde o caminhão elétrico está sendo desenvolvido, Cortes afirmou que o veículo requer ajustes na linha de produção, o que pode se traduzir em possíveis investimentos.
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