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Atvos vê moagem de cana maior em 2018/19, preços mais baixos do etanol na entressafra

13/11/2018 19h05

Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - A Atvos, antiga Odebrecht Agroindustrial, deve registrar aumento no volume de cana processada na atual temporada 2018/19, na contramão do observado no centro-sul do Brasil, mas já vê preços menos remuneradores para o etanol durante a entressafra após a queda das cotações do petróleo, disse nesta terça-feira o CEO da companhia.

Braço sucroenergético do conglomerado empresarial Odebrecht, a Atvos moeu no ciclo anterior (2017/18) cerca de 25 milhões de toneladas de cana, em meio a problemas com geadas em parte de suas plantações.

Agora, a despeito de uma estiagem em meados do ano, a empresa espera elevar o processamento, creditando a isso os diversos polos de produção que tem no país.

"Se olharmos a indústria como um todo, foi cheio de imprevistos. Nós fomos menos afetados. Para nós, será um ano de crescimento... Temos um hedge geográfico", destacou o CEO da Atvos, Luiz de Mendonça, no intervalo de evento sobre agronegócios, em São Paulo.

Embora não tenha projetado um volume, destacou que o potencial atual, a partir da oferta de cana, é de 28 a 29 milhões de toneladas.

Com noves usinas espalhadas por São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a Atvos tem capacidade instalada para processar 37 milhões de toneladas de cana por ano. Até atingir essa quantidade, focará os investimentos em canaviais, em vez de novas unidades, por exemplo, disse Mendonça.

"Enquanto não encher as plantas, se eu tiver um dólar, vou investir em canavial", comentou ele, acrescentando que a companhia investe algo como 600 milhões a 700 milhões de reais por ano, sendo o grosso desse montante em tratos culturais e plantio.

Tradicionalmente alcooleira, a Atvos endereçou cerca de 80 por cento da oferta de matéria-prima para fabricação de etanol na atual safra.

"Mas essa queda do petróleo não é positivo, já vemos um preço menor (de etanol) na entressafra. Continua bom, mas poderia ser melhor", avaliou o executivo.

As referências internacionais do petróleo vêm caindo há semanas em meio a menores preocupações quanto à oferta. Nesse cenário, as cotações da gasolina, concorrente direto do álcool, também vêm cedendo, o que pode, portanto, enfraquecer a competitividade do biocombustível na entressafra.

O petróleo Brent fechou em queda de mais de 6 por cento nesta terça-feira.

Mendonça comentou ainda que a empresa segue em busca de um investidor externo e que também não descarta uma oferta de ações (IPO) nos próximos anos, se as condições de mercado permitirem.

Ele também afirmou, sem detalhar, que a companhia trabalha pela renegociação de dívidas, de modo a priorizar investimentos.

(Por José Roberto Gomes)