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Caixa Econômica Federal encolhe crédito, eleva tarifas e mais que dobra lucro no 3º tri

14/11/2018 10h12

Por Aluisio Alves

(Reuters) - A Caixa Econômica Federal teve uma nova rodada de forte alta do lucro no terceiro trimestre apoiada em redução de despesas e expansão das receitas com tarifas, mesmo com encolhimento dos empréstimos.

O banco estatal anunciou nesta quarta-feira que seu lucro de julho a setembro somou 4,8 bilhões de reais, montante 122 por cento superior ao resultado registrado em mesma etapa de 2017. Com isso, a Caixa atingiu uma rentabilidade sobre o patrimônio de 18,1 por cento, próxima dos níveis de rivais privados e bem superior aos 14,3 por cento do Banco do Brasil.

Mais uma vez, um dos principais pilares da evolução foi a disciplina nas despesas. As de pessoal caíram 6,2 por cento, enquanto as de provisões para perdas com calotes caíram 15,4 por cento, ambas na comparação com igual período de 2017. Na outra ponta, as receitas com prestação de serviços cresceram 12,9 por cento, a 7,1 bilhões de reais.

Adicionalmente, mesmo com o estoque de crédito da Caixa caindo 2,6 por cento em 12 meses até setembro, a 694 bilhões de reais, a margem financeira teve incremento de 4,2 por cento, refletindo um aumento do spread médio dos empréstimos.

Os números mostram uma dramática reviravolta nos rumos do banco federal para reduzir seus níveis de alavancagem, após anos de forte crescimento do crédito, mesmo com o país em recessão.

Segundo o presidente-executivo da instituição, Nelson Antonio de Souza, a disciplina orçamentária mais recente permitiu à Caixa alcançar organicamente níveis de capitalização necessários para se adequar a Basileia III, que entra em vigor em janeiro de 2019, sem ajuda do controlador, o governo federal.

"Agora é oficial que não precisaremos mais de injeção de capital, nem de devolução de dividendos do Tesouro Nacional", disse Souza a jornalistas. "Conseguimos andar com as próprias pernas".

Com o nome gravitando na mídia para seguir no comando da Caixa no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, Souza frisou a ênfase recente da gestão em tornar o banco mais alinhado com as práticas do mercado.

"Procuramos ser competitivos em crédito e serviços, mas não obrigatoriamente praticamos as menores taxas", disse ele. "E aprimoramos nossa política de risco para conceder crédito e apertamos na cobrança".

Souza disse que não trabalha com a eventual permanência no cargo "no radar". Ele não respondeu se recebeu um convite formal do governo eleito pra ficar.

Sobre declarações de Bolsonaro de que as estatais federais devem reduzir fortemente o quadro de cargos comissionados, inclusive para 'desaparelhar' as empresas de cargos políticos, Souza disse que a Caixa já reduziu a folha de pagamentos em mais de oito mil postos desde o ano passado e os quatro vice-presidentes mais novos do grupo foram contratados por meio de seleção por uma empresa de mercado.

(Por Aluísio Alves)