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Oliveira Energia monta consórcio para avaliar distribuidora da Eletrobras no Amazonas

19/11/2018 17h38

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A Oliveira Energia montou junto a parceiros um consórcio para avaliar a possível participação em um leilão agendado para 27 de novembro, no qual a estatal Eletrobras tentará vender sua distribuidora de eletricidade que atua no Amazonas, disse nesta segunda-feira à Reuters o principal executivo do grupo.

Com atuação em geração térmica na região Norte, a Oliveira era praticamente desconhecida no restante do país até surpreender ao vencer em agosto a licitação de privatização da Boa Vista Energia, subsidiária da Eletrobras responsável pelo fornecimento em Roraima.

Agora, a empresa analisa a Eletrobras Distribuição Amazonas junto a três potenciais sócios, incluindo a Atem, distribuidora de combustíveis que já se associou ao grupo na aquisição da distribuidora de Roraima.

"É um grupo de quatro empresas que estão interessadas, a Oliveira e mais três empresas. Não posso dizer o nome das outras... para uma missão dessas você precisa alavancar recursos, e em grupo fica mais fácil", disse à Reuters o CEO da Oliveira Energia, Orsine Oliveira.

A decisão sobre a entrada no leilão, no entanto, ainda não foi tomada, e as empresas têm acompanhado atentamente movimentos do governo federal para aumentar a atratividade da endividada distribuidora da Eletrobras no Amazonas e evitar um fracasso do leilão.

Em meio a esses esforços, o governo publicou na semana passada duas medidas provisórias, uma das quais busca solucionar um passivo de cerca de 3 bilhões de reais da elétrica amazonense, ao autorizar que fundos setoriais reembolsem a empresa por despesas antes classificadas como ineficientes pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

"É uma missão muito árdua, mas nós vamos estar lá, o grupo está analisando, ainda falta mais uma semana... o que a gente nota é que o governo tem urgência em resolver esse problema", afirmou Oliveira.

Nessa avaliação, o grupo tem sido assessorado pela consultoria Thymos Energia, de acordo com o executivo.

Para a diretora da Thymos, Thais Prandini, as MPs publicadas pelo governo "ajudam, mas não resolvem" a difícil situação da Eletrobras Amazonas.

Segundo ela, ainda existem algumas incertezas, dado que não é certa a aprovação das MPs pelo Congresso e as elevadas dívidas da distribuidora.

"Só a MP não resolve, tem muita coisa que ainda está enrolada e precisa ser 'desenrolada num prazo muito curto. Basicamente, em relação à dívida, que hoje é monstruosa. Quanto da dívida fica (com o comprador), quanto não fica... precisa de um esclarecimento maior", afirmou a diretora.

Além do grupo Oliveira, a Equatorial Energia também manifestou interesse na Eletrobras Amazonas, mas executivos da elétrica disseram antes da publicação das MPs que ainda viam riscos elevados no negócio e aguardavam medidas do governo para aumentar a atratividade do leilão.

Procurada, a Equatorial não comentou sobre a evolução de seu interesse na licitação após a publicação das MPs.

BOA VISTA

Em paralelo à avaliação da Eletrobras Amazonas, a Oliveira Energia se prepara para assumir as operações da Boa Vista Energia a partir de 1° de dezembro, segundo o presidente do grupo.

Pelas regras do leilão de privatização da companhia, os novos operadores da distribuidora precisarão aportar cerca de 176 milhões de reais na empresa e ainda pagar 297 milhões de reais ao Estado de Roraima, para compensar a incorporação pela Boa Vista Energia de ativos da antiga empresa estadual CERR.

"Estamos preparados para fazer o aporte e assumir a empresa, com as graças de Deus", afirmou Oliveira.

Um consórcio entre a Oliveira Energia e a Atem arrematou a concessão da distribuidora de Roraima por um valor simbólico de cerca de 50 mil reais, associado às obrigações de aporte de recursos na companhia e investimentos.

(Por Luciano Costa)