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Peru vai multar parceiros da Odebrecht e políticos em escândalo de corrupção

10/12/2018 17h31

LIMA (Reuters) - O promotor peruano encarregado de buscar indenizações por danos causados por corrupção disse nesta segunda-feira que pretende multar empresas, políticos e empresários em cerca de 180 milhões de dólares pela participação em esquemas de propina envolvendo a Odebrecht no país.   

Em um acordo judicial firmado com as autoridades peruanas no sábado, a Odebrecht aceitou mostrar evidências e pagar 180 milhões de dólares ao Peru por ter subornado autoridades locais, disse o promotor Jorge Ramírez, confirmando uma reportagem exclusiva da Reuters.

Mas Ramírez disse que o que a Odebrecht vai pagar de multa é apenas metade dos cerca de 370 milhões de dólares devidos ao Peru por danos causados pelo pagamento de subornos.    "Vou cobrar o resto de ex-parceiros da Odebrecht, bem como de empresários, funcionários de alto escalão do governo, ex-presidentes e ex-ministros envolvidos", disse Ramírez à Reuters em entrevista por telefone. 

O anúncio sinaliza que deve haver mais penalidades a empresas e políticos devido ao escândalo de corrupção desencadeada pela Odebrecht no fim de 2016, quando admitiu em um acordo judicial com Brasil, EUA e Suíça que subornou oficiais de governos em umas dúzia de países, incluindo o Peru.

Ramírez se recusou a dar detalhes sobre quem serão os alvos das multas.    O parceiro local mais importante da Odebrecht é o conglomerado peruano de construção Grana y Montero, que está sendo investigado há mais de um ano.     "Não podemos especular sobre cenários hipotéticos", disse Grana em comunicado. "Reafirmamos nossa intenção de não fugir de nossa responsabilidade se houver alguma evidência de que nossas autoridades atuais ou passadas tenham participado da corrupção."    Outros parceiros da Odebrecht incluem a JJ Camet Contratistas Generales e Ingenieros Civiles y Contratistas Generales, que não responderam aos pedidos de comentários.

Quatro ex-presidentes peruanos, o atual líder da oposição e várias construtoras locais estão sob investigação em conexão com a Odebrecht. Todos negaram as acusações.

(Reportagem de Marco Aquino)