Sindicatos e montadoras dos EUA pedem regras fortes sobre câmbio nas negociações comerciais com Japão
Por David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - Montadoras de Detroit e representantes de trabalhadores insistiram nesta segunda-feira que qualquer acordo dos EUA com o Japão deve conter regras fortes para combater manipulação do câmbio e abrir o fechado mercado japonês de automóveis, antes de os EUA reduzirem tarifas sobre carros.
Em audiência sobre os objetivos da negociação comercial, que deve começar no início do próximo ano, o sindicato United Auto Workers pediu que a administração Trump imponha cotas sobre veículos e autopeças japoneses, com base em maior acesso ao mercado automotivo do Japão.
Desiree Hoffman, representante internacional do UAW, disse que apesar de adotar tarifa zero nas importações de veículos, o mercado automotivo do Japão é muito fechado devido a barreiras não tarifárias, como padrões japoneses específicos, de segurança e de emissões, e a manipulação do câmbio para derrubar o valor do iene, pondo fabricantes dos EUA em desvantagem.
"Essas barreiras criaram tantas desigualdades nas regras do jogo que para cada carro que os EUA exportaram para o Japão em 2017, o Japão enviou outros 100 de volta", disse Hoffman. "Qualquer redução de 2,5 por cento para automóveis ou de 25 por cento em caminhões leves vai direcionar ainda mais o excesso de capacidade do Japão para nosso país, exacerbando o problema."
Regras sobre o câmbio que sejam mais fortes que as negociadas no acordo comercial EUA-Canadá-México são necessárias para um acordo comercial EUA-Japão, disse Matt Blunt, presidente do American Automotive Policy Council, que representa Ford, General Motors e Fiat Chrysler.
Diante do histórico japonês de intervenção nos mercados de câmbio, ele disse que mais fiscalização é necessária, com punições claras no caso de violação das regras de câmbio. Ele disse que a AAPC defendeu que parceiros comerciais com grandes superávits em conta corrente e altas reservas de moeda estrangeira sejam excluídos dos benefícios de acordos de livre comércio se forem flagrados intervindo no câmbio.
"Recomendamos evitar qualquer concessão para abrir mais o mercado dos EUA para importações japonesas, até que haja evidência de que o Japão está realmente compromissado em abrir seu mercado automotivo para veículos dos EUA", disse Blunt.
Contribuições da audiência serão usadas pelo Representante Comercial dos EUA na formulação dos objetivos de negociação para as conversas comerciais, que o presidente Donald Trump e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, acertaram em setembro.
Mas o Japão prometeu apenas negociações limitadas sobre agricultura e buscou manter discussões sobre câmbio separadas de acordos comerciais. O Banco do Japão já interveio no mercado para manter a estabilidade da moeda diante de fluxos de entrada em busca de ativos de segurança.
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