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May pressiona impaciente UE por ajuda em acordo do Brexit

14/12/2018 21h09

Por Elizabeth Piper e Gabriela Baczynska

BRUXELAS (Reuters) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse nesta sexta-feira que novas garantias sobre seu acordo do Brexit seriam possíveis após líderes da União Europeia dizeram a ela que não renegociariam o tratado e receberam com escárnio sua pomposa defesa da saída do Reino Unido do bloco.

Mas os líderes da UE não mostraram sinais de disposição para fazer concessões, dizendo que é da responsabilidade de May resolver seu próprio problema e conseguir aprovar o acordo no parlamento no próximo ano, ou então enfrentar as consequências de um eventual fracasso. 

Com o parlamento britânico bloqueado pelo impasse, o destino final do projeto Brexit continua incerto, com os possíveis resultados variando entre um desembarque desordenado sem qualquer tipo de acordo ou em um novo referendo sobre a participação do país na União Europeia. 

May, que sobreviveu na quarta-feira a uma tentativa para derrubá-la de dentro de seu partido, rejeitou as críticas da UE sobre demandas "nebulosas" do dividido sistema político britânico e pediu aos líderes da UE em uma conferência em Bruxelas garantias legais e políticas para que consiga conquistar o parlamento com seu acordo. 

May recebeu bem um comunicado de outros líderes na quinta-feira, que descreveram as conclusões da conferência como detentoras de um "status legal". 

Autoridades da UE disseram que a declaração de boas intenções em não submeter o Reino Unido às regras da UE para sempre foi apenas isso -- nenhum tipo de ajuste à questão do endurecimento da fronteira seca com a Irlanda. 

Os líderes concordam que May não irá conseguir mais nada deles, nem mesmo na última hora, para aprimorar o acordo de retirada que foi acertado com ela em Bruxelas três semanas atrás, insistiram as autoridades. 

"Mais esclarecimentos e discussões após as conclusões do Conselho são, de fato, possíveis", disse May, se recusando a ser desanimada pelas declarações. 

"Há ainda trabalho a ser feito. Promoveremos negociações nos próximos dias sobre como obter mais garantias que o parlamento britânico necessita para que possamos aprovar o acordo". 

HUMILHAÇÃO?

A chanceller alemã, Angela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Macron, descartaram reabrir o acordo do mês passado que busca garantir uma saída suave em 29 de março. 

"Queremos ajudar," disse Merkel, acrescentando que ninguém na UE quer a desordem que o colapso do acordo significaria. 

Perguntado se a UE poderia oferecer mais, o presidente da cúpula Donald Tusk disse que não haveria questão para uma nova negociação e que não havia mandato para novas reuniões. Ele acrescentou que continuaria à disposição da primeira-ministra no período do Natal. 

Tusk rebateu informações da imprensa britânica de que May teria sido "humilhada" na noite de quinta-feira enquanto os líderes a pressionaram por clareza do que ela queria após ter sofrido uma tentativa de derrubada de seu próprio partido. 

"Nós tratamos a primeira-ministra com mais empatia e respeito do que alguns parlamentares britânicos, tenho certeza", disse Tusk a jornalistas.