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Embraer e Boeing aprovam aliança de US$ 5,3 bi em aviação comercial; aval do governo deve vir em 2019

17/12/2018 09h35Atualizada em 17/12/2018 13h45

SÃO PAULO, 17 Dez (Reuters) - Embraer e Boeing acertaram os termos da venda do controle de divisão de aviação comercial da empresa brasileira para o grupo norte-americano, em um acordo avaliado em US$ 5,3 bilhões, mas um aval final do governo deve acontecer no mandato de Jair Bolsonaro.

O acordo foi acertado após um memorando de entendimento assinado em julho, que definiu que a Boeing terá 80% da companhia a ser criada com a divisão de aviação comercial da Embraer. A empresa brasileira ficará com o restante e terá poder de decisão sobre "alguns" temas estratégicos, afirmou a Embraer em comunicado nesta segunda-feira (17).

As empresas informaram que aguardam aprovação do governo brasileiro para dar andamento ao negócio. O acordo foi divulgado uma semana depois de o Tribunal Regional Federal da 3ª região (TRF3) ter revogado liminar que impedia as empresas de seguirem com as negociações.

Ações sobem

As ações da Embraer exibiam alta de 3,8% por volta das 12h, enquanto o Ibovespa tinha queda de 0,35%, com analistas destacando a melhora no valor atribuído para toda a divisão de jatos comerciais da empresa brasileira em relação ao memorando, que passou de US$ 4,75 bilhões para US$ 5,26 bilhões. 

"Nossa visão é que o valor final a ser recebido pela Embraer, líquido de impostos, tem chances de ser mais alto", disseram analistas do BTG Pactual em relatório. "O anúncio é um marco positivo e melhora os riscos quanto ao preço (valuation) líquido da (divisão de) aviação comercial, tanto em termos dos resultados finais que a Embraer deve receber quanto de uma opção de venda mais valiosa", afirmaram Renato Mimica e Samuel Alves.

Em teleconferência com analistas, executivos da Embraer afirmaram que a companhia terá US$ 2,6 bilhões em caixa após a conclusão do acordo com a parceira norte-americana. Disseram ainda que seus atuais títulos de dívida serão movidos para a joint venture.

Entre os temas estratégicos em que a Embraer poderia ter poder decisório estaria uma eventual transferência das operações da joint-venture do Brasil.

Pelos termos do acordo, Boeing e Embraer também acertaram criar uma segunda joint-venture para promover a venda do cargueiro KC-390, a maior aeronave já desenvolvida no Brasil. Nesta joint-venture, a Embraer terá 51% de participação e a Boeing o restante.

O acordo na divisão comercial dá à Embraer opção de vender sua participação a qualquer momento. Mas foi definido um período de "lock up" de 10 anos e, caso a Embraer exerça a opção antes disso, o preço por ação a ser pago será igual ao da data de fechamento do negócio ajustado pela inflação nos EUA. Depois disso, o preço será o do valor justo no momento do exercício.

As empresas mantiveram acerto anterior que previa que a joint-venture na aviação comercial será sediada no Brasil e reportará diretamente ao presidente-executivo da Boeing, hoje sob comando de Dennis Muilenburg.

As empresas estimam que as sinergias anuais com a joint-venture de aviação comercial devem chegar a cerca de US$ 150 milhões por ano, excluídos impostos, até o terceiro ano de operação. A nova empresa somente deverá contribuir para os resultados da Boeing a partir de 2021.

Na semana passada, deputados petistas que moveram a ação que resultou na liminar, posteriormente cassada, disseram que o negócio "significa o fim da Embraer no Brasil". Para o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), "a tendência é a empresa deixar de funcionar no Brasil, talvez se transformar em um mero departamento de manutenção aqui". Ele avaliou ainda que o negócio "implica prejuízo ao sistema de defesa brasileiro".

O presidente-executivo da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, disse nesta segunda-feira que a operação será de grande valor para o Brasil e para a indústria aeroespacial. "A aliança fortalecerá ambas as empresas no mercado global e está alinhada à nossa estratégia de crescimento sustentável de longo prazo".

O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, afirmou que a análise pelo governo do negócio poderá terminar no início do mandato do presidente eleito Jair Bolsonaro, pois o processo pode se estender para além de duas semanas. 

(Por Alberto Alerigi Jr., com reportagem adicional de Marcela Ayres em BRasília; Edição de Maria Pia Palermo e Paula Arend Laier)

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