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Após turbulências, gasolina e diesel da Petrobras devem fechar 2018 em queda

Marta Nogueira e José Roberto Gomes

28/12/2018 14h26

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - Os preços do diesel e da gasolina praticados pela Petrobras em suas refinarias devem fechar 2018 em queda, após um ano turbulento marcado por cotações recordes, críticas aos reajustes diários e mudanças que prometem limitar a volatilidade dessa política em 2019.

De acordo com dados disponibilizados pela petroleira e compilados pela agência Reuters, até esta sexta-feira (28) o preço médio da gasolina nas refinarias acumulava recuo de quase 11% em 2018, a R$ 1,5087 por litro.

No caso do diesel, a retração é menor, de cerca de 4,6%, cotado a R$ 1,8088 por litro.

A perda acumulada no ano ocorre após a Petrobras lançar em meados de 2017 uma política para reajustes até diários, com o objetivo de seguir a paridade externa e dar maior competitividade à estatal no mercado brasileiro.

Os pilares por trás dessa sistemática são o câmbio e as referências internacionais do petróleo, que apresentaram forte volatilidade neste ano.

Em maio, uma valorização no mercado do petróleo e altos preços praticados pela Petrobras levaram a altas seguidas nos preços do diesel, que tocaram uma máxima de R$ 2,3716 por litro no dia 22 daquele mês.

Tal valorização esteve no cerne dos históricos protestos de caminhoneiros, que afetaram a economia do país como um todo. Em meio ao impacto das paralisações, o então CEO da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão do cargo, e o governo anunciou uma subvenção econômica à comercialização do combustível, mantendo as cotações do produto mais estáveis nas refinarias.

Novo mecanismo 

O subsídio se encerra no próximo dia 31 e nesta sexta-feira a Petrobras anunciou que adotará a partir do próximo ano um mecanismo financeiro de proteção complementar à política de preços do diesel. Com isso, poderá manter os valores do óleo estáveis por até sete dias nas refinarias.

Trata-se de uma medida semelhante à já adotada para os preços da gasolina desde setembro, embora neste caso a manutenção das cotações nas refinarias possa se estender por até 15 dias.

Naquele mês, receios quanto à oferta global de petróleo e uma apreciação do dólar por causa das eleições levaram a gasolina da Petrobras para um recorde da era de reajustes diários, de R$ 2,2514 por litro.

De lá para cá, contudo, o mercado passou a considerar uma maior disponibilidade de petróleo, e sucessivas quedas no exterior tiveram reflexo direto sobre os valores dos combustíveis comercializados pela Petrobras.

Do final de setembro para cá, os preços da gasolina e do diesel nas refinarias da estatal caíram 31,9% e 23,4%, respectivamente.

Desde o início da política de reajustes até diários, há cerca de um ano e meio, gasolina e diesel da Petrobras ainda apresentam alta de 9% e 14,8%, respectivamente.

A Petrobras reiterou ao longo do ano, inclusive em propagandas comerciais, que seus preços não representam os valores finais nas bombas. Sobre a gasolina, recai ainda a mistura obrigatória de etanol anidro, ao passo que no diesel, a de biodiesel, sem falar nas margens de distribuidoras e revendedoras.