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Fundador da Huawei diz que empresa não realiza espionagem pela China

15/01/2019 11h29

XANGAI (Reuters) - O fundador da Huawei [HWT.UL], Ren Zhengfei, negou nesta terça-feira as acusações de que a empresa é usada pelo governo chinês para realizar espionagens e disse ter perdido sua filha, que permanece retida pelas autoridades canadenses, informou uma reportagem do jornal Financial Times.

Meng Wanzhou, vice-presidente financeira da Huawei, foi detida no Canadá no mês passado, a pedido das autoridades norte-americanas, que alegam ter mentido para os bancos sobre o controle de uma empresa que opera no Irã.

A Huawei "nunca recebeu nenhum pedido de qualquer governo para fornecer informações impróprias", disse o jornal em uma entrevista a repórteres na cidade de Shenzhen.

"Eu ainda amo meu país, eu apóio o Partido Comunista, mas nunca farei nada para prejudicar qualquer país do mundo", disse ele, acrescentando que sentia muita falta de sua filha.

A Huawei confirmou a veracidade dos comentários de Ren à Reuters. Ren, um ex-oficial militar que fundou a Huawei em 1987 e, em grande parte, mantém um perfil discreto, disse que possui 1,14 por cento das ações da empresa.

Pequim e Ottawa estão em desacordo desde a prisão de Meng, que o Ministério das Relações Exteriores da China chamou nesta terça-feira de abuso de procedimentos legais. Na segunda-feira, a China condenou um canadense à morte por contrabando de drogas, prejudicando ainda mais as relações.

A Huawei, maior produtora de equipamentos de telecomunicações do mundo, vem enfrentando uma intensa fiscalização no Ocidente sobre sua relação com o governo da China e alegações -lideradas pelos EUA- de que seus aparelhos podem ser usados por Pequim para espionagem.

Nenhuma evidência foi divulgada publicamente, e a empresa negou repetidas vezes as acusações, mas alguns países ocidentais restringiram o acesso da Huawei a seus mercados.

Ren rejeitou temores sobre a segurança do equipamento da Huawei, dizendo que "nenhuma lei na China exige que qualquer empresa instale backdoors obrigatórios (que poderiam ser usados para espionagem)" e acrescentou que a empresa não teve "nenhum incidente sério de segurança".

Ele também minimizou o risco que a Huawei enfrenta de ser impedida de lançar redes de telecomunicações 5G em alguns países.

"Sempre foi o caso, você não pode trabalhar com todos ... vamos mudar nosso foco para melhor atender os países que saúdam a Huawei", disse ele, acrescentando que a empresa possui 30 contratos globalmente para instalar redes 5G.