Dólar avança ante real e fecha a R$3,76 com aversão a risco no exterior
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta ante o real nesta segunda-feira, com maior aversão a risco em meio à cautela no exterior diante de possibilidade de nova paralisação do governo dos Estados Unidos e incerteza nas negociações comerciais entre EUA e China.
O dólar subiu 0,77 por cento, a 3,7629 reais na venda, na quarta alta consecutiva. Na máxima, o dólar alcançou 3,7755 reais e, na mínima, chegou a 3,7285 reais.
O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,8 por cento.
"As (moedas) emergentes sempre sofrem um pouco mais quando o dólar se valoriza perante moedas europeias principalmente e foi o que aconteceu", afirmou o gerente de tesouraria do Travelex Bank, Felipe Pellegrini.
"Acredito que parte dessa alta tem a ver com realizações, a gente vê que a Bovespa chegou perto dos 100 mil pontos e está devolvendo um pouco, tem um movimento de saída de estrangeiros e de realizações (de lucro)", avaliou.
Nesta segunda, EUA e China iniciaram mais uma rodada de discussões, com oficiais norte-americanos a Pequim.
Apesar de otimismo demonstrado por ambas as partes, crescem as preocupações de que as conversas podem não encerrar a disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo, uma vez que representantes norte-americanos pressionarão a China a alterar o tratamento à propriedade intelectual de empresas dos EUA.
Há a expectativa de que os países prorroguem o prazo de 1º de março, quando está programado um aumento das tarifas dos EUA sobre produtos chineses.
"O assunto da guerra comercial entre EUA e China ainda está longe de acabar, de chegar a um acordo e isso traz um pouco mais de volatilidade para o mercado, o que faz com que investidores tentem fugir do risco", disse Pellegrini.
O mercado também acompanhou as negociações entre democratas e republicanos, que tentam selar acordo para evitar uma nova paralisação no governo dos EUA.
Após um impasse nas conversas do domingo sobre a política de detenção de imigrantes, parlamentares tentam chegar a um acordo antes de sexta-feira, quando expira o prazo de financiamento para agências do governo federal.
Do lado doméstico, participantes do mercado estão em compasso de espera sobre a reforma da Previdência até que o presidente Jair Bolsonaro se recupere e deixe o hospital após cirurgia de reversão da colostomia.
A avaliação é a de que, enquanto Bolsonaro não retornar a Brasília, não deve haver avanços no que diz respeito à reforma. O mercado, no entanto, segue acompanhando eventuais informações sobre o teor do texto.
O BC vendeu 10,33 mil swaps cambiais tradicionais, equivalente à venda futura de dólares. Assim rolou 3,615 bilhões de dólares dos 9,811 bilhões que vencem em março.
(Por Laís Martins)
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