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Lucro da BR dispara com ajuda da Eletrobras; vendas caem 5,6% no 4º tri

26/02/2019 11h30

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A BR Distribuidora, empresa de combustíveis controlada pela Petrobras, teve alta de 202,3 por cento no lucro líquido do quarto trimestre na comparação com igual período do ano anterior, ajudada pela privatização de distribuidoras de energia da Eletrobras e pela quitação de débitos da elétrica.

Líder no mercado de distribuição de combustíveis e lubrificantes no país, a BR informou nesta terça-feira que registrou entre outubro e dezembro de 2018 lucro líquido de 1,605 bilhão de reais, volume bem acima da média das estimativas de analistas compiladas pela Refinitiv, de 613 milhões de reais.

No acumulado de 2018, o lucro líquido da companhia somou 3,193 bilhões de reais, aumento de 177,4 por cento sobre 2017.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, excluindo efeitos não-recorrentes, ou Ebitda ajustado, caiu no trimestre em 26,8 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, para 646 milhões de reais. Já o Ebitda ajustado anual recuou 16,6 por cento, para 2,56 bilhões de reais.

A queda no Ebitda ocorre em meio a um recuo de 5,6 por cento no volume de vendas, para 10,4 bilhões de litros, diante de uma fraqueza no mercado de combustíveis no país. No ano, o volume vendido pela BR recuou 3,8 por cento, enquanto o mercado total ficou praticamente estável.

ITENS EXTRAORDINÁRIOS

Em seu relatório financeiro, a empresa informou que grande parte do aumento do lucro líquido pode ser atribuída ao recebimento de parcelas de dívidas das empresas que pertenciam à Eletrobras e à apresentação pelas distribuidoras de garantias firmes para esses débitos após a desestatização.

De acordo com a BR, a Eletrobras e suas distribuidoras de energia no Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre firmaram em abril de 2018 instrumentos de confissão de dívida com a empresa no valor atualizado de 4,6 bilhões de reais e os pagamentos vêm sendo feitos regularmente conforme o acordo firmado, que prevê 36 prestações mensais.

"Até a presente data, recebemos nove parcelas, e duas antecipações referentes às distribuidoras Eletrobras Acre e Eletrobras Rondônia, agora controladas pelo grupo Energisa, totalizando 1,79 bilhão de reais", afirmou a BR.

O resultado anual foi impactado positivamente pelo reconhecimento dos Instrumentos de Confissão de Dívida (ICDs) com as ex-distribuidoras da Eletrobras, em 1,6 bilhão de reais, bem como por um acordo de ICMS no Mato Grosso, em 645 milhões de reais.

A dívida líquida da BR no fim de 2018, por sua vez, ficou em 2,36 bilhões de reais, queda de 39,4 por cento ante 2017, devido principalmente à grande geração de caixa livre no ano e aos recebimentos relacionados aos instrumentos de confissão de dívidas firmados com as subsidiárias da Eletrobras.

A empresa informou ainda que a disciplina na gestão do capital de giro, recebíveis e passivos permitiu uma geração de caixa operacional de mais de 3 bilhões de reais.

DISCUSSÕES SOBRE CONTROLE

Em teleconferência sobre os resultados, o presidente da BR Distribuidora, Ivan de Sá Pereira, afirmou nesta terça-feira não ter informações sobre discussões da Petrobras a respeito de possível venda do controle da distribuidora.

A possibilidade de desinvestimento foi apresentada recentemente pelo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. No entanto, Pereira nega que tenha recebido detalhamentos sobre o tema.

"Acho que existe essa discussão acontecendo, é uma decisão da nossa controladora e ainda não temos uma definição do que vai acontecer, qual vai ser o modelo. No momento a gente ainda aguarda a definição por parte da Petrobras", disse Pereira.

(Por Gram Slattery e Marta Nogueira; reportagem adicional de José Roberto Gomes, em São Paulo)