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Flávio Bolsonaro e Joice Hasselmann saem em defesa de Maia após atritos

22/03/2019 17h40

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - Em uma tentativa de amenizar os ânimos com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, e a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), saíram em defesa de Maia nesta sexta-feira, depois de outro filho do presidente, Carlos, criticar o presidente da Câmara nas redes sociais.

Flávio foi às redes sociais para elogiar Maia (DEM-RJ), e defender que a reforma da Previdência seja "a única frente de batalha" do governo do pai no momento.

"Presidente da Câmara Rodrigo Maia é fundamental na articulação para aprovar a Nova Previdência e projetos de combate ao crime. Assim como nós, está engajado em fazer o Brasil dar certo!", escreveu Flávio em sua conta no Twitter.

Cerca de uma hora depois ele voltou à rede social.

"A governabilidade durante os 4 anos de governo está diretamente ligada à aprovação da Nova Previdência. Essa é a única frente de batalha que deve ser aberta no momento, todas as outras atrapalham o Brasil", escreveu.

No fim da tarde, depois de se reunir com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e depois com o próprio Maia, a líder do governo no Congresso admitiu que o presidente da Câmara estava incomodado e que as críticas nas redes sociais --sem citar Carlos Bolsonaro-- causavam "ruído".

Depois de conversar com o presidente da Câmara, Joice disse que a questão está sendo "alinhada" e que o governo e Maia não estão no "ponto do divórcio", mas de "reatar a relação".

"Creio que Maia não desistirá da aprovação da Previdência, ele é uma das peças mais importantes. Eu estou conversando com ele. Vamos pacificar isso", afirmou. "O que temos de fazer agora é baixar a temperatura e conversar."

Maia tem demonstrado descontentamento com declarações contra ele feitas em redes sociais por Carlos Bolsonaro, após atritos com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, por causa da tramitação de seu pacote anticrime.

Até então principal articulador da reforma da Previdência, o presidente da Câmara já vinha mostrando descontentamento ao cobrar a articulação do governo com alguns alertas.

Mais cedo, também em um esforço para aliviar a tensão do momento, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse em entrevista à Rádio Gaúcha que as redes sociais não expressam a opinião do governo e defendeu a construção de pontes com Maia. [nL1N2190UN]

"Se por acaso o presidente Rodrigo ficou incomodado com isso, compete a nós do governo lançarmos aí as pontes e conversarmos com ele", disse Mourão, que exerce a Presidência da República em função da viagem de Bolsonaro ao Chile.

"Rede social não tem nada a ver com a opinião que todos nós membros do governo, do Executivo, temos sobre ele como presidente de uma das Casas do Legislativo", afirmou. "Eu considero particularmente o deputado Rodrigo Maia um apoiador incondicional das principais ideias que nós temos e conto, assim como todos nós do governo, com o apoio dele."

Em meio a polêmica, e a notícias publicadas na imprensa de que deixaria a articulação pela aprovação da reforma da Previdência, Maia respondeu no Twitter uma mensagem da deputada estadual paulista Janaína Paschoal (PSL) e afirmou que seguirá defendendo a reforma.

As mudanças previdenciárias têm sido apontadas por Bolsonaro, em declarações públicas, pela equipe econômica e por agentes econômicos como crucial para o reequilíbrio das contas públicas para abrir caminho para a retomada do crescimento da economia.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma dos servidores civis e dos trabalhadores da iniciativa privada, no entanto, não tem sequer um relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que deve analisar sua admissibilidade antes de a matéria ser encaminhada para uma comissão especial que analisará o mérito da medida. Só então a PEC poderá ir a votação no plenário da Câmara, onde precisará dos votos de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação para ser aprovada.

Depois disso ela ainda precisará ser aprovada pelo Senado.

(Por Eduardo Simões, em São Paulo, e Lisandra Paraguassu, em Brasília)