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Tribos indígenas marcham em Brasília em protesto contra políticas de Bolsonaro

26/04/2019 19h38

BRASÍLIA (Reuters) - Milhares de pessoas que representaram mais de 300 tribos de todo Brasil marcharam na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesta sexta-feira em protesto contra as políticas do governo do presidente Jair Bolsonaro, que ameaçam as reservas indígenas.

Com cocares de penas coloridas de pássaros amazônicos e pinturas corporais, eles brandiram arcos e flechas e tocaram tambores enquanto cantavam músicas de resistência. A marcha ocorre no fim de três dias de mobilização em Brasília, no chamado Acampamento Terra Livre.

“Nossas famílias estão em perigo, nossas crianças estão ameaçadas, nossos povos estão sendo atacados. Em nome do que chama progresso econômico ele quer matar nosso povo”, disse David Karai Popygua, do grupo étnico Guarani Mbya, oriundo do Estado São Paulo.

Eleito em outubro com o apoio do setor agrícola, Bolsonaro teve como uma de suas primeiras medidas de governo enfraquecer a Funai (Fundação Nacional do Índio), principal órgão de promoção de políticas indigenistas, do qual retirou a função de demarcar terras, transferindo-a para o Ministério da Agricultura, que é controlado por interesses ruralistas.

“É vergonhoso para o nosso país ter um governo que não entende a luta dos povos indígenas e não tem nenhum conhecimento sobre a população indígena”, disse Daran, um cacique Tupi Guarani.

O Brasil tem mais de 850 mil índios, que correspondem a menos de 1 por cento da população. Eles vivem sobretudo em reservas que abarcam cerca de 13 por cento do território do país.

Bolsonaro diz que é terra demais para povo de menos, e prometeu rever os limites de algumas reservas.

O governo não comentou os protestos.

(Reportagem de Leonardo Benassatto e Anthony Boadle)