Petrobras foca armazenagem na China para vender a refinarias privadas
Por Florence Tan e Chen Aizhu
CINGAPURA (Reuters) - A Petrobras está embarcando petróleo durante junho e julho para armazenamento na China visando responder mais rapidamente à demanda das refinarias independentes do país, disseram duas fontes com conhecimento do assunto.
A China é o maior importador de petróleo do mundo, contando com uma demanda de seus refinadores independentes, conhecidos como "teapots", situados na província oriental de Shandong.
Já a Petrobras está buscando mercados para o aumento da produção de petróleo do pré-sal e espera expandir sua participação na China, onde o Brasil foi o quinto maior fornecedor no primeiro trimestre de 2019.
O armazenamento do petróleo permitirá que a Petrobras venda parcelas menores de petróleo para entrega imediata às refinarias "teapots", responsáveis por cerca de um quinto da demanda de importação da China, e expanda sua base de clientes para além da refinaria estatal China Petroleum and Chemical Corp, ou Sinopec, disseram as fontes.
"A idéia de armazenamento é vender pequenas parcelas e ser mais competitiva neste mercado. O principal é ter petróleo a qualquer momento", disse uma das fontes, acrescentando que isso permitirá que a Petrobras reaja à demanda imediata.
A Petrobras fechou um acordo com a Qingdao Port International em dezembro para alugar tanques de armazenamento que podem armazenar cerca de 2 milhões de barris de petróleo, segundo fontes e reportagens da mídia na época.
Para abastecer esses tanques, a Petrobras fretou o grande navio petroleiro VLCC Maran Cleo, que deve chegar a Qingdao em 24 de junho.
O VLCC contém 2 milhões de barris de petróleo do campo de Lula.
Outro VLCC com petróleo exportado pela Petrobras chegará entre os dias 10 e 15 de julho para armazenamento em Qingdao, contendo cerca de 1 milhão de barris de óleo de Búzios.
As fontes recusaram-se a ser nomeadas porque não estavam autorizadas a falar com a mídia. A Petrobras não respondeu a um pedido de comentário. A Qingdao Port International não foi encontrada para comentar. Os prêmios spot do petróleo brasileiro de Lula entregue à China em agosto subiram para um recorde de mais de 4,50 dólares o barril frente ao índice de referência global Brent, o quinto mês de ganhos, disseram várias fontes do comércio.
Os preços subiram depois que as sanções dos EUA contra a Venezuela levaram a uma maior demanda por petróleo bruto brasileiro nos Estados Unidos e com uma quedas nas exportações angolanas e no fornecimento de petróleo russo à Europa.
Um executivo do setor na cidade de Dongying em Shandong disse: "Compramos petróleo brasileiro muitas vezes, pois é um bom substituto para todos os tipos de petróleo angolano".
Atualmente, a menor carga que a Petrobras pode entregar para a China é de 1 milhão de barris em petroleiro Suezmax, e manter o petróleo armazenado permitirá à empresa a venda de cargas de 300.000 ou 500.000 barris, disseram as fontes.
"É menos estressante do que pegar um Suezmax. Mas o preço é um grande problema, já que o mercado está em 'backwardation' e se a Petrobras precisar cobrir os custos de armazenamento, o petróleo será muito caro", disse um trader de refinaria chinesa.
Ele estava se referindo à atual estrutura de mercado para futuros de petróleo Brent, onde os preços imediatos estão mais altos do que os de datas posteriores, significando que a Petrobras terá que cobrar mais para compensar o declínio do valor do petróleo ao longo do tempo.
(Reportagem de Florence Tan e Chen Aizhu em Singapura; reportagem adicional de Gram Slattery no Rio de Janeiro)
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