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Brasil está preparado para dólar a R$4,10 ou R$4,20, diz Guedes

O ministro Paulo Guedes - Por Rodrigo Viga Gaier
O ministro Paulo Guedes Imagem: Por Rodrigo Viga Gaier

Por Rodrigo Viga Gaier

No Rio de Janeiro

15/08/2019 19h11

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo não teme um dólar acima de 4 reais porque o Brasil tem bons fundamentos, afirmou nesta quinta-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, ressaltando que a desvalorização do real pode contribuir para a reindustrialização de alguns setores, como têxtil, calçados e autopeças.

"Se o dólar for para 4,10 reais ou 4,20 reias estamos preparados", afirmou Guedes em discurso durante evento do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), no Rio de Janeiro.

Ele frisou que não acredita na possibilidade de um "ataque especulativo" contra a real.

"Não temos nenhuma preocupação com a questão cambial e nossa dinâmica de crescimento é própria", afirmou, acrescentando que "nem mesmo uma eventual recessão nos Estados Unidos preocupa".

"Se o mundo desacelera, caem preços das commodities, o dólar pode subir um pouco mesmo, de repente você vai reindustrializar nos setores de autopeças, carros, têxtil, sapatos, móveis, não devemos temer o efeito contágio."

O dólar fechou em queda nesta quinta-feira, depois de na véspera terminar a 4,0405 reais, encerrando acima de 4 reais pela primeira vez desde maio.

Guedes relacionou a instabilidade recente do câmbio à desaceleração da economia global e à vitória da oposição nas eleições primárias na Argentina.

Ao comentar a mudança na atuação cambial do Banco Central, anunciada na noite de quarta-feira, o ministro afirmou que o país está fazendo "um bom uso de suas reservas internacionais" e destacou que a venda de dólares no mercado à vista ajudará a reduzir a dívida pública.

"Você recompra a dívida interna e reduz dratiscamente o déficit interno porque você reduz suas despesas de juros em reais. Então você pode investir porque você abre mão das reservas e aumenta capacidade de investimento", afirmou Guedes.

O BC anunciou que vai voltar a vender recursos de suas reservas este mês pela primeira vez em dez anos, para suprir liquidez ao mercado spot. A autoridade monetária afirmou que a medida pode contribuir para uma redução da dívida bruta, embora esse não seja o objetivo da iniciativa. [L2N25B1I8]

Ao ser questionado por jornalistas se haveria um limite para o uso das reservas para intervenção no câmbio, Guedes disse que esse o assunto é de responsabilidade do presidente do BC, Roberto Campos Neto.

O ministro disse ainda que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vai encaminhar em breve o projeto de independência do Banco Central e que a "crise no Coaf" vai ajudar a acelerar essa discussão.

O governo definiu que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) --que era vinculado ao Ministério da Justiça mas foi realocado no Ministério da Economia por decisão do Congresso-- agora será transferido para a estrutura do Banco Central.

Guedes classificou a mudança como um "aperfeiçoamento institucional".

"A solução da crise do Coaf vai ser justamente colocá-lo dentro de um Banco Central independente, porque ainda nenhum dos Poderes pode dizer, nem o Supremo pode reclamar, que o ministro da Justiça estaria usando o Coaf para investigar", afirmou.