Conteúdo da Previdência está blindado, mas calendário pode ser contaminado, diz Simone Tebet
O conteúdo da reforma da Previdência está "blindado" no Senado, mas o calendário de votação pode sofrer interferências caso o presidente Jair Bolsonaro insista em temas polêmicos, como a escolha de seu filho Eduardo para o cargo de embaixador do Brasil nos EUA, e a indicação de um nome controverso para comandar a Procuradoria-Geral da República (PGR), afirmou a senadora e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, Simone Tebet (MDB-MS).
Para a senadora, as chances de mudar o núcleo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência são muito pequenas, até porque a maioria dos senadores concorda em deixar eventuais alterações para uma PEC paralela, que tratará, inclusive, da extensão das novas regras a Estados e municípios.
"A Previdência está blindada, vejo a Previdência blindada. Você pode contaminar o calendário, mas ele (o presidente Jair Bolsonaro) percebeu e vai esperar a reforma", afirmou a senadora, em entrevista à Reuters na quarta-feira.
A reforma está na comissão que Simone Tebet preside e a expectativa é que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresente a primeira versão do seu relatório nesta sexta-feira. Pelo calendário de votações, a previsão é que a proposta seja votada na CCJ no dia 4 de setembro e que o plenário do Senado conclua sua tramitação em outubro.
A senadora avalia que a eventual chegada da indicação de Eduardo Bolsonaro ao Senado invariavelmente provocará debate, o que poderia atrasar a tramitação da reforma da Previdência, caso isso ocorra em um momento em que a proposta estiver pronta para discussão e votação no plenário.
"Atrasaria a discussão (da reforma) uma semana, 15 dias", disse Tebet, lembrando que o envio da indicação de um nome para a PGR para suceder a atual chefe do Ministério Público Federal, Raquel Dodge, também poderia ter o mesmo efeito.
Ao fazer uma análise política da indicação de Eduardo para o cargo de embaixador, a senadora considera que não seja uma atitude correta.
"Independentemente de acreditar ou não que é nepotismo, e eu acho que é, (a indicação) no mínimo viola preceitos básicos dessa divisão do público e privado, de um governo menos personalista", disse.
"Não acho que seja uma atitude acertada, viola princípio da moralidade você indicar um filho tendo se proposto a fazer diferente no palanque".
Segundo ela, ainda assim, o nome do filho do presidente deve ser aprovado, mas com muita dificuldade.
Sobre a indicação de um procurador-geral da República que não integre a tradicional lista tríplice de sugestões do Ministério Público, Tebet avaliou que as chances de aprovação dependerão do perfil do escolhido.
"Nem faço críticas sobre nome fora da lista, é um direito do presidente. Se indicar alguém fora da lista e não tiver um grande perfil, também contamina (o calendário da reforma) e talvez por isso que ele (Bolsonaro) não tenha enviado".
Por outro lado, diz Simone Tebet, a CCJ tem condições de conciliar em sua agenda, além da reforma da Previdência, a PEC das mudanças tributárias e medidas do pacto federativo.
A senadora garante que a essência da reforma da Previdência deve ser preservada --"o grosso não mexe"--, e lembrou que eventuais supressões de trechos do texto não forçam seu retorno à Câmara dos Deputados. A proposta só teria de passar por uma segunda análise dos deputados se for modificada.
Tebet acrescentou que eventuais supressões que possam ocorrer na PEC não devem reduzir a economia pretendida com a proposta.
(Edição de Maria Pia Palermo e Alexandre Caverni)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.