Setor de serviços tem melhor julho desde 2011, mas sem sinal de recuperação firme
Por Rodrigo Viga Gaier e José de Castro
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A atividade no setor de serviços do Brasil cresceu 0,8% em julho, mas apenas recuperou as perdas de junho, numa indicação de que a atividade no segmento ainda não tem demonstrado sinais mais consistentes de retomada.
"Não dá para chamar ou inferir que essa taxa de 0,8% é o início de uma reação ou recuperação. Foi apenas uma reposição de uma perda de um mês anterior", disse Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços, conduzida pelo IBGE e na qual os dados foram divulgados.
Em junho, o volume no setor de serviços havia caído 0,7% sobre maio.
"Para o setor de serviços ter uma alta maior e consistente a economia precisa estar mais forte e os setores de comércio e especialmente a indústria demandarem mais serviços, assim como as própria famílias, cuja renda está estabilizada", acrescentou Lobo.
O responsável pela pesquisa disse que o volume no setor de serviços ainda está 1,2% abaixo de dezembro do ano passado, sob o peso da categoria transportes, cuja atividade está 2,8% abaixo da contabilizada no fim do ano passado.
O crescimento do setor de serviços em julho representou o melhor resultado para o mês desde 2011. Ante julho de 2018, a alta foi de 1,8%, maior taxa para o mês, nessa base de comparação, desde 2014 (+2,1%). Em julho de 2011, a atividade no setor havia crescido 0,9% na margem.
No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o volume de serviços aumentou 0,8%, ante alta de 0,6% registrada ao longo do primeiro semestre.
A taxa anualizada --indicador acumulado nos últimos 12 meses-- ganhou tração ao sair de crescimento de 0,7% em junho para 0,9% em julho.
Mas, para o gerente da pesquisa dos serviços, o desafio para o setor começa a partir de agosto.
"A base de comparação foi mais forte no segundo semestre de 2018", disse Lobo. Segundo ele, no primeiro semestre de 2018 os serviços sofreram queda de 0,9%, enquanto na segunda metade do ano passado registraram alta de 0,8%.
"Os indicadores antecedentes de setembro, no caso de rodovias pedagiadas, mostram (variação) zero ante agosto de 2018 e queda de 0,7% ante julho. Esse é um dado bem aderente ao nosso setor de transportes de cargas", afirmou.
Na véspera, o IBGE reportou que as vendas no varejo tiveram o melhor mês de julho em seis anos, mas com uma recuperação consistente ainda permeada de dúvidas.
SETORES
Três das cinco atividades pesquisas tiveram alta na passagem de junho para julho, com destaque para o ramo de serviços de informação e comunicação (+1,8%).
Os demais resultados positivos vieram dos setores de outros serviços (+4,6%) e de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (+0,7%).
Na contramão, a área de serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,3%) e o ramo de serviços prestados às famílias (-0,5%) recuaram.
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