Ibovespa sobe com Petrobras em dia volátil com opções, China, ataques na Arábia Saudita
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista fechou esta segunda-feira com o Ibovespa no azul, recuperando o terreno positivo no ajuste de fechamento, em sessão volátil com exercício de opções, com dados mais fracos de atividade na China e aumento da tensão geopolítica em razão de ataques a instalações petrolíferas na Arábia Saudita.
Índice de referência da bolsa brasileiro, o Ibovespa subiu 0,17%, a 103.680,41 pontos, no fim de sessão volátil. O giro financeiro do pregão somou 27,9 bilhões de reais, incluindo o vencimento de opções, de 7,576 bilhões de reais.
Na China, a produção industrial cresceu 4,4% em agosto sobre um ano antes, menor taxa desde fevereiro de 2002 e abaixo do desempenho de julho e do esperado por analistas, endossando receios com o ritmo da atividade na segunda maior economia do mundo e seu potencial reflexo.
Antes dos dados chineses, porém, agentes financeiros já repercutiam os ataques a instalações da petrolífera estatal Saudi Aramco no fim de semana, que retirarem de operação o equivalente a cerca de 5% do suprimento global de petróleo e elevaram as tensões geopolíticas na região.
O Brent chegou a tocar 71,95 dólares no começo da sessão, avanço de 19,5%, maior alta intradiária desde 14 de janeiro de 1991, durante a Guerra do Golfo. No fechamento, registrou alta de 14,6%, a 69,02 dólares.
"É um fato novo e como tal o mercado fica mais precavido à espera de novas informações", disse o estrategista Odair Abate, da Panamby Capital, destacando que Petrobras ajudou a evitar um declínio do Ibovespa.
Para o gestor Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital, o fechamento do Ibovespa no azul se explica pelo desempenho de Petrobras. "O mercado fica nervoso, especialmente estrangeiros, que procuram reduzir risco notadamente em mercados emergentes", afirmou.
Uma série de decisões de bancos centrais nesta semana, incluindo o Federal Reserve e o BC brasileiro, segue no radar de investidores, com apostas de cortes nos juros por Fed e Copom, na quarta-feira. Banco do Japão e Banco da Inglaterra divulgam suas orientações de política monetária na quinta.
Para Christian Gattiker, chefe de pesquisa do Julius Baer, os BCs ocupam o centro do palco nesta semana, com o Fed particularmente em foco, o que, combinado com o vencimento quádruplo em Wall Street na sexta-feira, compõe um cenário para alguns 'movimentos selvagens", conforme nota a clientes.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON subiram 4,39% e 4,52%, respectivamente, apoiadas na disparada do petróleo no mercado externo, diante das tensões geopolíticas elevadas após ataques a campos e instalações de petróleo na Arábia Saudita. O UBS afirmou que o salto nas cotações será um "teste significativo" para a política de preços da Petrobras para o diesel e a gasolina. Fonte da companhia disse à Reuters que a Petrobras deve buscar evitar o "nervosismo do mercado" e "aguardar um pouco" antes de reajustar preços de combustíveis.
- AZUL PN e GOL PN recuaram 8,45% e 7,77%, respectivamente, pressionadas pelo salto nos preços do petróleo, o que eleva os custos de companhias aéreas.
- VALE recuou 2,41%, tendo de pano de fundo números mais fracos sobre a atividade econômica na China, em movimento que seguia o de ações de outras mineradoras na Europa.
- CIELO teve elevação de 6,02%, em meio a ruídos ligados a eventuais negociações de fusão. No fim de semana, o colunista Lauro Jardim, do jornal o Globo, publicou que a Stone e a Cielo andaram conversando nas últimas semanas e que o interesse esfriou, mas que as portas para retomar as conversas continuam abertas. As ações da Stone em Nova York subiram 1,8%.
- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 1,78%, liderando as perdas entre os bancos listados no Ibovespa, após alta de 5,7% nas duas primeiras semanas do mês. BRADESCO PN recuou 1,32%, BANCO DO BRASIL perdeu 1,04% e SANTANDER BRASIL UNIT fechou em baixa de 1,59%.
- KROTON avançou 4,66%, tendo no radar relatório do Itaú BBA reiterando recomendação 'outperform' e com preço-alvo de 14 reais para o fim de 2020. O Itaú BBA avalia que resultados operacionais provavelmente apoiarão o desempenho dos papéis no segundo semestre, dada a expectativa de melhora na captação de novos alunos e, talvez mais importante, dados de desempenho de vendas do ensino básico para 2020, que eles esperam que sinalizem uma aceleração nesse segmento.
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