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Copom corta Selic a nova mínima histórica e sinaliza mais redução à frente

O segundo corte consecutivo dos juros veio em linha com a expectativa do mercado - DadoPhotos/Getty Images/iStockphoto
O segundo corte consecutivo dos juros veio em linha com a expectativa do mercado Imagem: DadoPhotos/Getty Images/iStockphoto

Gabriel Ponte

18/09/2019 20h02

O Banco Central reduziu nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para uma nova mínima histórica de 5,5% ao ano, indicando que a política de afrouxamento monetário poderá continuar, em meio ao lento processo de recuperação da economia doméstica. O segundo corte consecutivo dos juros veio em linha com a expectativa do mercado.

Veja comentários de agentes do mercado:

ÁLVARO BANDEIRA, ECONOMISTA-CHEFE, MODAL MAIS

Acho que o BC foi menos dovish (com discurso alinhado a corte de juros) do que no comunicado passado, que falava muito da necessidade reformas, mas agora ele já coloca que dados sugerem a retomada da recuperação. Mas continua prescrevendo política estimulativa e deixou porta aberta para mais redução. Acho que esse calibre para a redução na reunião de outubro, de 0,25 ou 0,5 ponto percentual, ainda depende muito do que vai acontecer no mundo, com expectativa de Brexit, preço do petróleo. Acho que segue expectativa de redução de juros. Eu, pessoalmente, trabalho com Selic a 5% ao fim do ano, pode ser 0,25 pontos-base nas duas próximas reuniões, ou apenas 50 pontos-base em uma.

THOMAZ SARQUIS, ECONOMISTA, ELEVEN FINANCIAL RESEARCH

"O BC mostra inclinação muito forte de continuar cortando juros. Desde a última reunião que a gente diverge entre a visão normativa e afirmativa do Copom. Uma série de fatores contribuem para que, na nossa visão, cenário externo seja incerto. O risco fiscal está extremamente subestimado. Não só pelo mercado, como pelo BC. Isso é ainda mais visível quando ele retira do comunicado o termo de que o risco de reformas é "preponderante". Ao tirar isso, é um sinal muito claro de que o Copom entende que a situação fiscal já está resolvida, o que na nossa visão é longe de ser uma verdade."

PABLO SPYER, DIRETOR DE OPERAÇÕES, MIRAE ASSET

"O comunicado não dá nenhuma certeza sobre quais vão ser os próximos passos. Trajetória futura depende dos dados econômicos. A inflação controlada, corroborada pela ociosidade da indústria, a economia se recuperando em uma velocidade aquém da desejada, e a velocidade satisfatória do avanço da reforma da Previdência, foram as principais razões pelas quais o Banco Central justifica o seu corte de juros, e é para isso que temos que olhar para a próxima reunião. São esses os fatores principais. A Mirae Asset calcula que a Selic encerrará o ano a 5%."

CAMILA ABDELMALACK, ECONOMISTA, CM RESEARCH

"A sinalização do Copom é de que o ciclo expansionista será no mínimo 150 bps. No cenário que supõe trajetória de juros e câmbio extraída da Focus, as projeções para o IPCA estão ao redor de 3,3% em 2019 ante 3,6% na reunião anterior e 3,6% para 2020 ante 3,9%. Lembrando que a meta de inflação para 2020 é 4%, ou seja, indicam haver espaço para reduzir a Selic em ao menos 50 bps até o fim do ano. Analisaremos a possibilidade de revisar para baixo no curva de juros."