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Perdas do BNDES com grupo Odebrecht podem chegar a R$ 14,6 bi

Eduardo Anizelli/Folhapress
Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Paula Arend Laier

30/09/2019 11h02

As perdas passadas ou potenciais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com operações envolvendo o grupo Odebrecht, que está em recuperação judicial, totalizam R$ 14,6 bilhões, em valores convertidos, segundo comunicado do banco de fomento em seu site hoje.

Desse total, R$ 3,7 bilhões (ou US$ 900 milhões convertidos pelo câmbio de 25/9/2019) estão relacionados a perdas da União em créditos no financiamento à exportação, uma vez que o Fundo Garantidor de Exportações (FGE) indeniza o BNDES por todos os inadimplementos promovidos por países importadores.

Dos R$ 10,9 bilhões restantes, R$ 8,7 bilhões consideram perda potencial (máxima), atualizada até maio, corresponde ao valor de exposição total do BNDES em créditos perante as empresas em recuperação judicial do grupo Odebrecht.

Com a venda pelo Sistema BNDES de ações da Atvos, em valores atualizados, a perda efetiva é de R$ 800 milhões. Com a OTP, na qual o banco ainda detém participação, a perda potencial das ações ainda em carteira é de R$ 1,4 bilhão.

Para a União, o custo em operações de crédito com a Odebrecht somou, em valor atualizado, R$ 646,7 milhões no período entre 2003 e 2018. Tal valor resulta da diferença do juro cobrado do grupo pelo BNDES e a taxa básica Selic no momento dos desembolsos.

Em meados do mês passado, ao divulgar dados sobre o modelo de financiamento do Sistema BNDES à exportação de serviços de empresas brasileiras entre 1998 e junho de 2019, o BNDES informou que o grupo respondeu por 76% do total de desembolsos no período que atuaram juntos - no período entre 2003 e 2018.

As modalidades de apoio ao grupo foram oferta de crédito, financiamento especifico à exportação e aquisição de participações acionárias.

No total, o BNDES desembolsou a empresas da Odebrecht US$ 32,9 bilhões em valores históricos, ou US$ 51,3 bilhões em valores atualizados pelo IPCA até setembro.

O montante histórico inclui R$ 15,3 bilhões em crédito, dos quais R$ 11,7 bilhões referem-se a financiamentos diretos, em que existe risco potencial de perdas para o BNDES, e R$ 3,6 bilhões em crédito indireto, e que as possíveis perdas são dos agentes financeiros intermediários.

Ainda nesse cenário, a quantia de R$ 16,1 bilhões relaciona-se aos financiamentos à exportação de serviços. O restante de R$ 1,5 bilhão se refere à compra de fatias nas empresas Atvos e OTP. As ações de emissão da primeira já foram vendidas pelo BNDES e, as da segunda empresa citada, não.