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Ministra vê Brasil preparado para nova grande safra; sem decisão de apoio ao café

01/10/2019 10h07

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil está começando a safra de grãos 2019/20 com potencial de colher uma nova produção recorde e as exportações de soja deverão seguir firmes no próximo ano, apesar das incertezas da guerra comercial EUA-China, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, durante evento em São Paulo, na noite de segunda-feira.

“Tenho visto o setor animado e pronto para plantar, como todos os anos, não tenho visto nenhum desânimo, muito pelo contrário. Tenho visto o campo brasileiro animado e preparado para fazer outra grande safra, como fizemos este ano”, disse a ministra em rápida entrevista à Reuters, após participar de premiação a um ginete no Jockey Club paulistano, pouco antes de jantar em comemoração aos 100 anos da Sociedade Rural Brasileira (SRB).

O Brasil fechou a safra 2018/19 de grãos e oleaginosas com uma produção recorde de 242,1 milhões de toneladas, contando com um crescimento das colheitas de milho e algodão, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na última temporada, contudo, a safra de soja caiu 3,6% por conta da seca em alguns Estados.

Questionada se as exportações do Brasil, maior exportador global de soja, devem seguir firmes, mesmo diante da guerra comercial, a ministra disse acreditar que sim.

Um eventual fim da disputa EUA-China poderia garantir maiores vendas de soja norte-americana aos chineses, maiores importadores globais da oleaginosa.

“O mercado se acomoda, ele é soberano... e com certeza temos oportunidades a perseguir. Agora, olhando o que tem que acontecer para frente, acho que o próximo ano será um ano muito bom... será normal.”

Se o clima colaborar, o Brasil pode se tornar também o maior produtor de soja, superando os EUA, que tem grandes estoques da safra passada, mas que viu sua produção ser afetada por enchentes em 2019/20.

O plantio de soja está começando com atraso no Brasil, com a falta de chuvas nas principais áreas.

CAFÉ

Questionada pela Reuters, ministra admitiu que o governo discute formas de apoiar o setor de café, que lida com preços historicamente baixos no mercado internacional, em meio a grande safras do Brasil, maior player desse mercado.

Mas ela afirmou que ainda não há definição sobre qual seria o modelo de apoio, se passaria, por exemplo, por contratos públicos de opção de venda ou programas conhecidos como “Pepro invertido”.

Em agosto, produtores de café do Brasil chegaram a se mobilizar para emplacar um programa governamental que teria o potencial de sustentar os preços no maior exportador global da commodity, dando apoio direto a 10 milhões de sacas de 60 kg, ou cerca de um quinto da safra brasileira de 2019.

De acordo com a proposta formulada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o volume de recursos públicos estimado para um programa de Pepro seria de 500 milhões de reais. A proposta, entretanto, pode ser difícil de ser implantada, considerando a crise fiscal no governo.

“Tem uma discussão sim, o café passa por um momento delicado, o governo tem conversado, mas nenhuma decisão ainda foi tomada. Estamos estudando a melhor opção dentro de um governo que é liberal na sua economia.”

As cotações na bolsa ICE, em Nova York, chegaram a atingir mínimas de 13 anos em 2019 em meio a grande safras.