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CNMP pune Deltan com advertência por críticas a ministros do Supremo

26/11/2019 12h13

BRASÍLIA (Reuters) - O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) puniu na manhã desta terça-feira o chefe da força-tarefa da operação Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol, por críticas feitas à atuação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em um entrevista.

Em uma das falas à Rádio CBN em agosto do ano passado, Dallagnol criticou os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski pelo que chamou de "mensagem de leniência a favor da corrupção".

“Os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de Curitiba e mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre se tornando uma panelinha assim... que mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção”, criticou ele.

Para o relator do processo administrativo disciplinar, conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, o procurador descumpriu o dever de guardar o decoro pessoal e de urbanidade.

Em manifestação no Twitter, o procurador disse que a punição aplicada a ele pelo conselho por ter "criticado decisões de ministros do Supremo, exercendo o direito à liberdade de expressão e crítica, não reflete o apreço que tenho pelas instituições".

"Minha manifestação decorre de um sistema de justiça que não funciona, em regra, contra poderosos, e é na omissão e no silêncio que a injustiça se fortalece. O debate dos problemas de nosso sistema é essencial", afirmou.

"Continuarei trabalhando para fazer a minha parte em reduzir a corrupção e a impunidade", completou, ao agradecer pelas mensagens de apoio que recebeu.

Essa é a primeira punição que um membro da Lava Jato recebe do CNMP.

Dallagnol responde a outros procedimentos e tem sido alvo de questionamentos após a revelação de supostas mensagens em reportagens do site The Intercept Brasil desde junho, que mostram o que seria uma atuação conjunta de procuradores da Lava Jato com o ex-juiz da operação e atual ministro da Justiça, Sergio Moro. Os dois lados negam irregularidades.

(Reportagem de Ricardo Brito)