BB não será privatizado, mas ganharia com isso, diz presidente
Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, afirmou nesta terça-feira que o presidente Jair Bolsonaro não quer a privatização do BB, razão pela qual o tema "é assunto encerrado", mas não deixou de fazer considerações sobre os benefícios de uma investida nesse sentido.
Falando em audiência pública na Câmara dos Deputados, ele reiterou ser pessoalmente a favor da privatização, e reconheceu ter tomado um "puxão de orelha" de Bolsonaro por isso.
Mas Novaes ponderou que, mesmo se o Executivo tivesse posição contrária à atual, a privatização do BB ainda teria que ser analisada e aprovada pelo Congresso Nacional.
"Então se me perguntam se sou a favor, sou. Vai ter privatização? Não", disse.
Também convidado a participar da audiência, promovida pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara, o presidente da ANABB, associação que reúne funcionários do banco, criticou a postura do presidente do BB.
"A gente entende que um líder de empresa afirmar que é a favor da privatização ... é uma desmotivação a todo corpo funcional do Banco do Brasil", afirmou.
Ao rebater a avaliação, Novaes afirmou que, em geral, quando se fala em privatizar uma companhia há valorização das ações da empresa na bolsa, a exemplo do que aconteceu com a Eletrobras.
Ele também frisou que, por ser estatal, o BB perdeu este ano "50 executivos de primeira linha", já que não conseguiu cobrir ofertas feitas pela concorrência. Ainda assim, voltou a enfatizar que a privatização não ocorrerá por determinação do presidente.
"Presidente Bolsonaro deixou claro que não iria privatizar o Banco do Brasil, me deu meio um puxão de orelha ali e é isso", disso. "Pelo menos do meu ponto de vista seria vantajoso para o Banco do Brasil, mas nós estaríamos chovendo no molhado porque a decisão está tomada."
Em outro momento, Novaes pediu a palavra para enfatizar que quando se cogita em privatização, se cogita em pulverizar mais o capital do banco de forma que o Estado não chegue a ter 50%, o que, na sua visão, daria uma série de flexibilidades operacionais à instituição.
O presidente do BB afirmou ainda que a ideia de o banco ser vendido para um concorrente ou para uma multinacional seria "fantasia total", e que isso nunca "passou pela cabeça".
Novaes também afirmou que, diferentemente de outros momentos, em que os bancos públicos tinham certa vantagem na administração da folha de pagamento do setor público, desta vez tudo é disputado em condição de igualdade.
"Bancos estatais ficaram com todos os ônus e perderam todos os bônus de ser estatais, essa que é a realidade", afirmou.
Respondendo a perguntas de parlamentares sobre a relevância do BB no crédito à agricultura, ele disse que a área é vista como "grande ativo" e que há compromisso do banco em aumentar em cerca de 10% o financiamento da próxima safra agrícola.
Segundo Novaes, a participação do BB no crédito rural é hoje da ordem de 60%.
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