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Cteep mira novos negócios no Brasil e quer investir em projetos com baterias

05/02/2020 16h56

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A transmissora de energia Cteep, controlada pela colombiana Isa, quer entrar em um novo segmento de negócios no Brasil, o armazenamento de energia por meio de baterias, e tem conversado com membros do governo e reguladores sobre como viabilizar projetos com a tecnologia, disse à Reuters um executivo da empresa.

O interesse pelo setor, que ainda precisa ser regulamentado no Brasil, ocorre em momento de forte crescimento no país das usinas eólicas e solares, fontes que ofereceriam oportunidades para o uso de baterias por terem geração intermitente, variando de acordo com o clima.

Além disso, a Cteep busca expandir a atuação para outra área em meio à recente intensificação de seus investimentos no país, onde a empresa é a segunda maior operadora de linhas de transmissão, atrás apenas da estatal Eletrobras.

A Cteep somou aportes de mais de 500 milhões de reais nos primeiros nove meses de 2019, expansão de 55% frente a 2018. A empresa também foi a principal vencedora de um leilão de projetos de transmissão realizado pelo governo em dezembro, ao arrematar concessões que exigirão 1,3 bilhão de reais nos próximos anos.

"O armazenamento, principalmente através de baterias, é uma tecnologia nova que está ficando cada vez mais viável por seu potencial de resultados e pela redução de custos. O grupo vê no uso de armazenamento um potencial de incremento aos negócios de transmissão", disse o diretor técnico da Cteep, Carlos Ribeiro.

"Temos todo o interesse em investir, sim. Acreditamos na tecnologia e vemos que pode se caracterizar como um negócio importante, de interesse do setor elétrico e da própria sociedade", acrescentou.

O executivo explicou que a tecnologia pode ser utilizada, para reforçar a rede e postergar investimentos em subestações, por exemplo, uma vez que tem implementação rápida.

Um sistema de baterias pode ser instalado em meses, enquanto obras de transmissão podem levar anos, a depender principalmente dos processos de licenciamento ambiental.

As baterias também poderiam ser utilizadas para apoiar a rede elétrica em meio à variação da geração de usinas eólicas e solares, que dependem do vento ou da irradiação solar.

Os investimentos nas baterias, no entanto, dependem ainda da definição de uma regulamentação para o uso desses equipamentos, destacou Ribeiro.

Para tentar abrir caminho para o novo negócio, executivos da Cteep participaram de reuniões com o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na semana passada para apresentar seus planos.

POSSÍVEL PROJETO

Nas conversas com governo e regulador, a Cteep expôs um projeto que visaria a implantação de baterias em Bertioga, no litoral norte de São Paulo, onde a construção de uma subestação está atrasada devido a dificuldades no licenciamento ambiental.

A ideia seria colocar baterias com 20 megawatts em capacidade na região para ajudar a rede a lidar com momentos como o verão e o Carnaval, quando o calor e a chegada de turistas aumentam a carga de energia.

"Seria ali onde está a Riviera de São Lourenço, uma carga importante... com baterias a gente pode resolver algumas situações, evitar que haja sobrecargas nas linhas, problema de tensão, e melhorar a confiabilidade", explicou Ribeiro.

Estimativas preliminares da empresa apontam que soluções como essa, com baterias de íon-lítio, teriam custo de cerca de 1 milhão de dólares por megawatt.

Os sistemas, instalados em contêineres, ainda teriam a vantagem de possibilitar futuras expansões ou até a mudança para outras localidades caso necessário.

Na Colômbia, sede da Isa, uma resolução publicada no ano passado definiu regras para incorporação de sistemas de armazenamento à rede, em processo que tem sido acompanhado pelo grupo de infraestrutura, que tem um projeto para implementação de baterias na região de Barranquilla.

Além da Cteep, outras empresas também estão de olho no mercado para baterias elétricas no Brasil, como a norte-americana AES, que instalou um projeto-piloto na hidrelétrica de Bariri, em São Paulo, operada por sua controlada AES Tietê.

(Por Luciano Costa)