EXCLUSIVO-Cuba atrasa pagamento em acordo crucial de dívida com nações ricas
Por Marc Frank
HAVANA (Reuters) - No ano passado, Cuba atrasou pagamentos de sua dívida reestruturada com nações ricas, colocando em risco um acordo com os credores do Clube de Paris, de acordo com diplomatas com conhecimento direto da questão.
Pelos termos do acordo de reestruturação da dívida, considerado um passo importante para a reintegração do país comunista à comunidade financeira internacional, penalidades severas devem ser adotadas, disseram.
O acordo com 14 países acertado por meio do Clube de Paris, de nações credoras, foi assinado em momento de uma reaproximação de vida curta com os Estados Unidos.
"O acordo é extremamente benéfico para Cuba, e eles não poderem pagar diz muito sobre como estão quebrados", disse um diplomata a par da situação que, como outros três consultados pela Reuters, pediu anonimato devido à delicadeza do assunto.
Os diplomatas disseram que o negociador da dívida cubana, Ricardo Cabrisas, que se encontrou com os credores em Paris no mês passado, culpou sanções novas e inesperadas dos EUA pelo calote de alguns dos pagamentos.
O governo cubano não respondeu a um pedido de comentário. Uma autoridade do Clube de Paris não quis comentar, dizendo que não é política da instituição falar de casos individuais.
O pacto de 2015, visto pela Reuters, perdoou 8,5 bilhões de dólares de um total de 11,1 bilhões de dólares, que representam a dívida que Cuba ficou devendo em 1986, mais taxas. O ressarcimento da dívida remanescente em parcelas anuais ficou para 2033, e parte deste valor foi direcionado a fundos para investimentos em Cuba.
Conforme o acordo, os juros foram perdoados até 2020, e depois disso só se cobrará 1,5% da dívida total ainda devida.
Mas o acordo estipula que, se Cuba não cumprir integralmente um cronograma de pagamentos anuais, pagará 9% de juros até saldá-lo, mais juros retroativos por essa porção atrasada.
Cuba devia estimados 80 milhões de dólares no ano passado e pagou alguns países integralmente, mas não todos, incluindo seus maiores credores, Espanha, França e Japão, disseram os diplomatas.
O Ministério da Fazenda francês não quis comentar, e o Ministério da Fazenda espanhol não respondeu a um pedido de comentário.
Outro diplomata disse que os dois lados estão trabalhando para preservar o acordo.
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