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Campos Neto diz que impactos econômicos do coronavírus ainda são incertos

14/02/2020 09h17

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta sexta-feira que os impactos econômicos do coronavírus ainda são incertos, e que a avaliação dos agentes do mercado sobre as repercussões para a economia brasileira varia consideravelmente, oscilando no momento de uma redução de 0,1 ponto a queda de 0,4 ponto percentual do Produto Interno Bruto.

"Impactos econômicos ainda incertos, mas podem ser significativos caso a epidemia se mantenha por um tempo prolongado", disse Campos Neto segundo apresentação divulgada pelo BC para palestra em evento fechado à imprensa em São Paulo.

O presidente do BC destacou, na apresentação, que os casos confirmados de pessoas infectadas pelo coronavírus já ultrapassaram um total de 60 mil com a nova metodologia de diagnóstico.

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na terça-feira, o BC avaliou que um eventual prolongamento ou intensificação do surto implicará uma desaceleração adicional do crescimento global, com impactos sobre os preços das commodities e de importantes ativos financeiros.

"A consequência desses efeitos para a condução da política monetária dependerá da magnitude relativa da desaceleração da economia global versus a reação dos ativos financeiros", frisou a autoridade monetária.

A ata também mostrou que, na reunião em que definiu um corte de 0,25 ponto na taxa Selic na última semana, para 4,25%, e indicou uma interrupção no ciclo de flexibilização, o colegiado divergiu na avaliação sobre o nível de ociosidade da economia brasileira.

Nesta sexta-feira, Campos Neto reiterou a cautela com a política monetária, reafirmando que "os próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação".

O BC republicou, no final da manhã desta sexta, a apresentação de Campos Neto para incluir também a frase de que o Comitê de Política Monetária (Copom) "vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária", que não constava do documento divulgado originalmente mais cedo.

Na apresentação de dados sobre a conjuntura econômica, o presidente do BC destacou que as expectativas recentes para o PIB mostram o Brasil com um desempenho acima da média dos países da América Latina. Campos Neto também chamou atenção para uma perda disseminada de tração da indústria entre os países emergentes.

(Por Isabel Versiani)