Mercado de títulos são pressionados apesar de medidas de BCs
Por Hideyuki Sano e Swati Pandey
TÓQUIO/SYDNEY (Reuters) - Os preços dos títulos oscilavam com força nesta quinta-feira, com investidores desesperados descartando títulos do governo e acumulando dinheiro em mercados dominados pelo medo da pandemia que obrigou bancos centrais a aumentarem o apoio à dívida.
Com as economias em todo o mundo afetadas pelas restrições generalizadas de viagens e pela atividade econômica quase paralisada, prenunciando uma profunda recessão pelo menos em pé de igualdade com a crise financeira global de 2008, os títulos não foram poupados.
A recente liquidação massiva nos mercados de ações e moedas levou os investidores a abandonar os títulos do governo, normalmente considerados um ativo seguro, para compensar perdas em outros lugares e estocar dinheiro, principalmente dólares.
"Todo mundo está acumulando dólares, assim como as pessoas estão estocando rolos de papel higiênico no mundo todo agora", disse Masayuki Murata, gerente geral de investimentos equilibrados em portfólio da Sumitomo Life Insurance.
"Você nunca sabe se realmente precisa de tantos rolos de papel higiênico. Algumas pessoas podem ter pilhas deles. Mas eles não vão se livrar deles agora... A debandada é movida não tanto pelas vendas pesadas quanto pela falta de compradores".
As corretoras, com suas carteiras de negociação danificadas, estão restringindo as negociações. Como os pedidos nos mercados caíram, as flutuações do mercado aumentaram para níveis sem precedentes para muitos operadores.
O rendimento dos títulos australianos de dez anos saltava mais de 50 pontos-base para 1,647%, atingindo seu nível mais alto desde maio passado, mesmo depois que o banco central da Austrália cortou a taxa de juros pela segunda vez este mês e lançou uma flexibilização quantitativa em um movimento de emergência.
Mesmo no mercado de títulos dos Estados Unidos, o mais líquido do mundo, as negociações tornaram-se altamente irregulares.
O rendimento dos Treasuries com prazo em dez anos saltou mais de 0,25 ponto percentual - o tamanho de uma variação típica de juros de um banco central - em cada uma das duas últimas sessões.
Nesta quinta-feira, o 'yield' de referência era negociado em 1,256%, quase um ponto percentual acima da mínima recorde de 0,318% tocada na semana passada, apesar do corte de juros de um ponto percentual do Federal Reserve anunciado no domingo.
"Acho que tudo deriva apenas de uma escassez de dólares, dinheiro em dólares. E os balanços também estão sendo prejudicados. Acho que a razão pela qual vimos o tipo de estresse no mercado de títulos é porque não há muita liquidez por aí e não há muito dinheiro para gerar mercados", disse Gunter Seeger, vice-presidente sênior de renda fixa da PineBridge Investments.
O mercado mal se moveu depois que o Fed lançou outro programa de crédito de emergência, anunciando que fará empréstimos a bancos que oferecem como garantia ativos adquiridos de fundos mútuos do mercado monetário.
Os rendimentos dos títulos europeus subiram na última semana, incluindo os Bunds alemães, que geralmente são considerados ativos de refúgio em momentos de estresse econômico devido às sólidas condições fiscais da Alemanha.
O Banco Central Europeu lançou nesta quarta-feira novas compras de títulos no valor de 750 bilhões de euros em uma reunião de emergência para mitigar o impacto do colapso do mercado sobre a economia da zona do euro.
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