Dólar salta 2,2% e fecha a R$5,1385 em dia negativo no exterior ainda por coronavírus
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar teve forte alta nesta segunda-feira, indo acima de 5,13 reais em mais um começo de semana pouco auspicioso para os mercados financeiros globais, com a dúvida sobre os efeitos da crise do coronavírus se sobrepondo a medidas de estímulos sem precedentes anunciadas pelos Estados Unidos e outros governos.
A interpretação de que o Copom se mostrou mais brando na sinalização de política monetária, com possibilidade de mais corte de juro, também influenciou negativamente o real.
"Para nós, a ata mostrou maior flexibilidade vis-à-vis o comunicado pós-decisão de política monetária, reforçando nosso call de que o Comitê vai cortar a Selic em 0,50 ponto percentual no próximo encontro devido à piora nos dados econômicos", disse o Citi em nota.
A redução sucessiva da Selic a mínimas históricas tornou alguns rendimentos baseados na taxa de juros brasileira menos atraentes para o investidor estrangeiro, o que prejudica a expectativa para parte do fluxo cambial de portfólio. Com um enfraquecido cenário para entrada de dólar, a moeda norte-americana ganha força.
A Selic está atualmente em 3,75% ao ano, e a curva de DI <0#DIJ:> projeta 60% de chance de novo corte de 0,25 ponto em maio.
O dólar à vista subiu 2,21%, a 5,1385 reais na venda, após duas quedas consecutivas. A alta ocorreu a despeito de o Banco Central anunciar três leilões de venda de dólar à vista, nos quais colocou um total de 739 milhões de dólares. No ano, já são 9,654 bilhões de dólares injetados no mercado por esse instrumento.
Na B3, o dólar futuro tinha alta de 1,18%, a 5,1250 reais, às 17h25. As operações com dólar futuro se encerram às 18h.
No ano, o dólar salta 25,28%, com o real em depreciação de 20,18%. O Goldman Sachs nota que a moeda doméstica é uma das de pior desempenho no período e que, por enquanto, a incerteza segue afetando a precificação dos ativos brasileiros como um todo.
"Para um investidor tático, notamos que o momento para o piso é não apenas extremamente difícil (de determinar) como os custos de se entrar 'cedo demais' podem ser muito dolorosos", disseram analistas do banco em relatório.
No exterior, o dólar se mantinha impostado contra uma série de divisas emergentes, com destaque para a alta de quase 3% contra o peso mexicano, um dos principais "rivais" do real nos mercados globais de câmbio.
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