Dólar sobe ante real em meio a cautela global e questões políticas internas
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar chegou a subir 1% contra o real nesta segunda-feira, acompanhando a cautela global em relação ao impacto econômico do coronavírus, enquanto, no cenário doméstico, divergências entre governos regionais e federal sobre a resposta à pandemia continuavam no radar.
Às 10:16, o dólar avançava 0,89%, a 5,1522 reais na venda. O contrato mais líquido de dólar futuro avançava 1%, a 5,1525 reais.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prorrogou no domingo as diretrizes de permanência em casa até o final de abril, abandonando um plano duramente criticado para reativar a economia até meados de abril depois que um assessor médico graduado disse que mais de 100 mil norte-americanos poderiam morrer durante o surto de coronavírus.
A medida intensificava o nervosismo em relação às consequências econômicas da pandemia, o que impulsionava o dólar contra divisas arriscadas. Rand sul-africano, lira turca, peso mexicano e dólar australiano, pares do real, tinham quedas acentuadas nesta segunda-feira.
"Investidores estão começando a semana digerindo o fato de que a maior economia do mundo permanecerá paralisada por mais tempo depois que Trump ouviu os conselhos dos principais médicos do governo", disse em nota a XP Investimentos.
"Do lado da cautela, os indicadores econômicos e das empresas continuarão se deteriorando nas próximas semanas, o tempo necessário para voltarmos à normalidade permanece incerto, e as notícias positivas referentes aos pacotes anunciados ao redor do mundo (EUA, Europa) ficaram para trás", completou.
Ainda no radar dos investidores, o clima político no Brasil continua tenso à medida que o presidente Jair Bolsonaro insiste na retomada das atividades apesar dos riscos sanitários apresentados pelo Covid-19.
O presidente disse no domingo que está "com vontade" de editar um decreto nesta segunda-feira que permita que todos os profissionais que precisam trabalhar para sustentar suas famílias retomem suas atividades, apesar das medidas de restrição à circulação tomadas por vários Estados e municípios para conter a disseminação do coronavírus.
Além disso, no dia seguinte ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defender o isolamento horizontal para evitar a disseminação do coronavírus, Bolsonaro divulgou vídeos em que sai às ruas de Brasília, dizendo que o povo deve voltar ao trabalho. O Twitter depois retirou duas publicações do presidente do ar por desrespeito às orientações de autoridades de saúde.
"Com certeza esse clima político mais desfavorável em tempos de pandemia afeta o preço dos ativos", disse à Reuters Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset.
"Um governante fala uma coisa, outro fala outra... Não se sabe a quem seguir. É lógico que os empresários querem voltar à atividade, mas ainda não é claro o comportamento da curva (de contágio no Brasil)", completou. "Vamos ter volatilidade nos precos dos ativos por muito tempo."
Na última sessão, na sexta-feira, a moeda norte-americana à vista fechou em alta de 2,22%, a 5,1066 reais na venda, registrando seis semanas consecutivas de ganhos.
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