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Bisavó de 97 anos se torna sobrevivente mais velha do coronavírus no Brasil

13/04/2020 10h08

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Quando Gina Dal Colleto, de 97 anos, foi hospitalizada no dia 1o de abril com sintomas de coronavírus, poucos poderiam imaginar que ela sobreviveria ao vírus mortal.

Mas no domingo, Dal Colleto saiu de cadeira de rodas do Hospital Vila Nova Star de São Paulo aplaudida por médicos e enfermeiras e se tornou a sobrevivente mais velha do Covid-19 de que se tem notícia no Brasil, o país latino-americano mais atingido pelo surto.

Sua recuperação inesperada foi um raio de esperança no Brasil, onde o coronavírus está explicitando a precariedade do sistema público de saúde e provocando um debate político acirrado sobre a melhor maneira de combater a disseminação do vírus e amparar a economia nacional.

Única sobrevivente de uma família italiana de 11 irmãos, Dal Colleto mora sozinha em Santos, disse a Rede D'Or São Luiz, que controla o Vila Nova Star, em um comunicado.

"Mesmo com quase um século de vida, Gina tem uma rotina muito ativa e gosta de andar, fazer compras e cozinhar", informou o comunicado. "Ela tem seis netos e cinco bisnetos."

Ao ser hospitalizada, Dal Colleto teve que receber oxigênio e colocada na unidade de tratamento intensivo, também segundo o comunicado.

No domingo, o Ministério da Saúde disse que 1.223 pessoas morreram em resultado do surto, 99 mais do que o total do dia anterior. O país tem 22.169 casos confirmados.

O presidente Jair Bolsonaro repudia as medidas de distanciamento social impostas por governadores e suas próprias autoridades de saúde. Ele quer que a economia seja reativada, argumentando que isolamentos prolongados representam um risco maior do que a doença, que rotula como "uma gripezinha".

Mas esta postura está lhe custando caro em pesquisas de opinião, e na maioria das noites brasileiros em quarentena em cidades de todo o país fazem panelaços para protestar contra a maneira como ele vem administrando a crise.

A postura de Bolsonaro também foi criticada pela entidade de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch, que disse que o presidente coloca os brasileiros "em grave perigo" ao incitá-los a não respeitarem o isolamento social, medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a disseminação do vírus.

"Bolsonaro tem sabotado os esforços dos governadores e do seu próprio Ministério da Saúde para conter a disseminação do Covid-19, colocando em risco a vida e a saúde dos brasileiros", disse José Miguel Vivanco, diretor da Divisão das Américas da Human Rights Watch, segundo comunicado da entidade.

"Para evitar mortes com essa pandemia, os líderes devem garantir que as pessoas tenham acesso a informações precisas, baseadas em evidências, e essenciais para proteger sua saúde. O presidente Bolsonaro está fazendo tudo, menos isso", acrescentou.

(Por Gabriel Stargardter e Marcela Ayres)