Operadores jogam "batata quente" com petróleo dos EUA e contrato entra em colapso
Por David Gaffen
(Reuters) - Operadores do mercado de energia se livravam freneticamente nesta segunda-feira dos contratos maio do petróleo dos Estados Unidos, que estão prestes a expirar, levando o vencimento a recuar mais de 90%, a pouco mais de 1 dólar por barril, e abrir o maior spread da história entre o contrato atual e o próximo, diante da falta de armazenamento para a commodity.
O enorme spread se abriu por causa de um excesso de petróleo nos EUA em um momento em que a demanda recua 30% devido à pandemia de coronavírus. Embora países produtores tenham concordado em reduzir bombeamento e as maiores petroleiras do mundo também estejam diminuindo produção, os cortes não serão rápidos o suficiente para evitar problemas nas próximas semanas.
Como resultado, operadores de contratos futuros, que geralmente conseguem passar com tranquilidade do contrato vencido para o próximo, estão encontrando poucos compradores dispostos a receber os barris do vencimento maio. Conforme mais traders tentavam se livrar do contrato, ele entrou em colapso.
"A cavalaria (cortes de oferta pela Opep+) não vai chegar a tempo de salvar o mercado do petróleo. Essa deve se provar como uma das piores entregas da história. Ninguém quer ou precisa de petróleo neste momento", disse Phil Flynn, analista sênior de mercado do Price Futures Group em Chicago.
O petróleo Brent recuava 1,7 dólar, ou 6,05%, a 26,38 dólares por barril, às 14:51 (horário de Brasília). O petróleo dos Estados Unidos caía 15,77 dólar, ou 86,32%, a 2,5 dólares por barril.
O segundo vencimento do petróleo nos EUA operava em queda de mais de 11%, a 22,15 dólares.
Quando um contrato futuro expira, operadores precisam decidir se recebem a entrega ou rolam suas posições para um novo contrato futuro. Normalmente, o procedimento é relativamente tranquilo, mas a queda do contrato maio reflete preocupações de que muita oferta possa chegar ao mercado, com os embarques de países da Opep (como a Arábia Saudita) reservados em março podendo causar um excesso de oferta.
A capacidade disponível de armazenamento está diminuindo rapidamente no centro de distribuição de Cushing, em Oklahoma, onde ocorrem as entregas físicas dos barris de WTI comprados nos mercados futuros. Há quatro semanas, 50% do centro estava cheio --agora, são 69%, segundo o Departamento de Energia dos EUA.
(Reportagem de David Gaffen)
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