Coronavírus provocará golpe histórico na economia da América Latina, diz Cepal
Natalia A. Ramos Miranda
SANTIAGO (Reuters) - A pandemia de coronavírus causará uma queda histórica de 5,3% na economia da América Latina e do Caribe em 2020, o que levará à pior crise social da região em décadas, com milhões de novos pobres e desempregados, informou a Cepal nesta terça-feira.
Em relatório que avalia os efeitos da pandemia, a agência das Nações Unidas revisou os números regionais, alertando que o maior impacto será na América do Sul, devido à alta dependência das exportações para a China e dos preços das matérias-primas, e no México, com uma contração esperada de 6,5% este ano.
Em dezembro, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) havia estimado que a economia regional cresceria 1,3% este ano, já em meio a uma desaceleração geral. Agora, prevê que 19 das 20 economias latino-americanas e 31 das 33 da região e do Caribe encolherão.
"A crise na região em 2020, com queda de 5,3% no PIB, será a pior de toda a história", afirmou a Cepal. "Para encontrar uma contração de magnitude comparável, é preciso voltar à Grande Depressão de 1930 (-5%) ou a 1914 (-4,9%)", acrescentou.
A queda regional deixará quase 30 milhões a mais de pobres e ampliará os níveis de extrema pobreza, alertou a agência, que também prevê que a taxa de desemprego será de cerca de 11,5%, um aumento de 3,4 pontos percentuais ante o nível de 2019, o que representa 37,7 milhões de pessoas.
A América Latina registra mais de 100 mil casos de transmissão de coronavírus, segundo contagem da Reuters baseada em dados oficiais. O surto "será a causa da maior crise econômica e social da região em décadas, com efeitos muito negativos sobre o emprego, a luta contra a pobreza e a redução da desigualdade", afirmou.
No relatório, a Cepal recordou que a região já apresentava fraco desempenho nos cinco anos anteriores, com crescimento de 0,4% no período 2014-2019, o menor desde a década de 1950.
O coronavírus atinge os países da América Latina no momento em que eles têm pouco espaço para aumentar os gastos fiscais, devido ao aumento do endividamento, ao aumento dos pagamentos de juros e à limitada receita tributária.
"No momento atual, as receitas públicas serão afetadas ainda mais pela forte contração da atividade econômica e pelos preços mais baixos das matérias-primas", afirmou.
De acordo com estimativas divulgadas na terça-feira, a economia brasileira cairá 5,2%, em comparação com uma estimativa anterior de um aumento de 1,7% e a da Argentina cairá 6,5%, ante estimativa anterior de uma queda em 1,3%.
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