Dívida bruta sobe a 78,4% do PIB em março e perda do BC com swap é a maior em mais de 4 anos
Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - A dívida bruta brasileira subiu a 78,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em março, acima do esperado por economistas e maior patamar desde agosto do ano passado, num mês também marcado por forte elevação das perdas do Banco Central com os contratos de swap, em meio à disparada do dólar diante da pandemia do novo coronavírus e da saída maciça de recursos do país.
Em fevereiro, a dívida bruta era de 76,7% do PIB, e analistas consultados pela Reuters esperavam uma alta para 77% do PIB.
Já a dívida líquida, que considera os ativos do governo, recuou para 51,7% do PIB, sobre 53,6%, refletindo o aumento do valor em reais das reservas internacionais.
Segundo a autoridade monetária, a moeda norte-americana avançou 15,6% no mês, embalada pelas crescentes preocupações acerca dos impactos econômicos da pandemia do coronavírus, o que provocou uma fuga por ativos considerados de menor risco em mercados no mundo inteiro.
Em março, o déficit primário foi de 23,655 bilhões de reais para o setor público consolidado. Enquanto o governo central --formado por governo federal, Banco Central e INSS-- teve um rombo de 21,380 bilhões de reais, Estados e municípios ficaram no vermelho em 2,680 bilhões de reais.
As empresas estatais, por sua vez, registraram superávit de 405 milhões de reais.
Na véspera, o Tesouro já havia divulgado que o resultado do governo central foi beneficiado pela decisão do governo de jogar para frente o pagamento de cerca de 10 bilhões de reais em precatórios. Sem isso, o rombo teria sido significativamente maior.
De acordo com o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, o resultado de março também não foi afetado pela crise com o Covid-19. Esse efeito ficará claro a partir de abril, quando o rombo primário deve superar o déficit de todo o ano de 2019, destacou ele.
De janeiro a março, houve superávit de 11,720 bilhões de reais para o setor público consolidado. Em 12 meses, a conta é de déficit de 63,490 bilhões de reais, equivalente a 0,86% do PIB.
Mansueto já frisou que, por conta dos desdobramentos associados ao combate ao coronavírus, o déficit primário do setor público em 2020 vai se aproximar de 600 bilhões de reais, equivalente a cerca de 8% do PIB.
Já o resultado nominal do setor público, que inclui a conta de juros da dívida pública, deve ficar entre 12% e 13% do PIB, disse Mansueto.
O déficit nominal nos 12 meses até março bateu em 6,24% do PIB, sobre 6,02% no acumulado até fevereiro, mostraram os dados do BC.
Segundo a autarquia, o dado foi afetado pela perda de 31,3 bilhões de reais nas operações com swap em março, a maior desde setembro de 2015, mês em que o país perdeu a classificação grau de investimento da agência de rating Standard & Poor´s. Incluindo os dados de abril até o dia 24, a perda com swaps neste ano já soma 61,2 bilhões de reais.
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