Argentina pressiona por mais negociações com aproximação de prazo final para proposta de dívida
Por Hugh Bronstein
BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina continuará pressionando por negociações com credores, mesmo que sua proposta de reestruturação de 65 bilhões de dólares em dívidas pareça contar com menos apoio da parte dos detentores de títulos internacionais do que o necessário para se chegar a um acordo abrangente antes do prazo final nesta sexta-feira.
O ministro da Economia, Martín Guzmán, disse à Reuters nesta sexta-feira que a Argentina "permanece aberta ao diálogo" e que reavaliará sua posição depois que o prazo for encerrado, às 18h (horário de Brasília).
A Argentina enfrenta uma corrida para reestruturar o que afirma ser uma pilha "insustentável" de dívidas e evitar o que seria um nono default de dívida soberana que reviveria memórias de uma década de hostil impasse com credores iniciado após um default em 2001-02.
"Avaliaremos a situação depois que a oferta expirar hoje e continuaremos trabalhando para cumprir a meta de restaurar a sustentabilidade da dívida para reerguer o país e estabelecer um relacionamento sustentável, saudável e duradouro com nossos credores", disse Guzmán em mensagens enviadas à Reuters.
Se os credores tiverem ideias que melhor lhes convêm, respeitando as restrições que a Argentina enfrenta, então "estamos prontos para ouvir", acrescentou Guzmán.
"Qualquer combinação entre redução de (pagamento de) juros ou de principal, período de carência e extensão de vencimentos que esteja alinhada às análises de sustentabilidade da dívida do governo da Argentina e do FMI será considerada."
Os principais grupos de detentores de títulos rejeitaram a proposta da Argentina de impor grandes reduções nos cupons, um hiato de pagamento de três anos e o adiamento dos vencimentos para a próxima década. A oferta foi tradida a público em meados do mês passado.
"Claramente é preciso haver algum alívio inicial do fluxo de caixa, mas isso não necessariamente justifica três anos sem pagamentos", disse Siobhan Morden, chefe de estratégia de renda fixa para a América Latina da Amherst Pierpont Securities.
RESULTADO INCERTO
A renovação dos títulos faz parte de uma ampla reestruturação com os credores, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Clube de Paris.
O governo diz que sua capacidade de pagar credores é extremamente limitada, pois a Argentina já estava em recessão antes de entrar em quarentena contra a pandemia de coronavírus em 20 de março. Desde então, a economia afundou.
"O mercado está pessimista quanto às chances de um acordo ser alcançado hoje", disse Gabriel Zelpo, diretor da consultoria econômica Seido, em Buenos Aires.
Em ambos os lados das negociações, autoridades e credores indicaram que uma solução rápida é improvável, mas há esperança de que um acordo possa ser alcançado com mais tempo.
A Oxford Economics disse que a oferta atual provavelmente será rejeitada, aumentando o risco de não pagamento. "No entanto, esperamos que as negociações continuem e que um default desordenado seja evitado, já que o governo permanece aberto a contrapropostas", afirmou.
O risco-país argentino, medido pelo índice Emerging Markets Bond Index Plus, do JPMorgan, iniciou os negócios praticamente inalterado nesta sexta-feira, a 3.318 pontos-base em relação aos títulos do Tesouro dos EUA, considerados seguros.
"No geral, não está claro para nós se um entendimento será alcançado", disse o Citi em nota aos clientes.
"O resultado final permanece muito incerto para nós."
(Reportagem de Hugh Bronstein, reportagem adicional de Rodrigo Campos em Nova York)
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