Forças Armadas iniciam operação contra desmatamento na Amazônia; Mourão diz que ação pode ser estendida
Por Jake Spring
BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal enviou milhares de soldados para combater o desmatamento da Amazônia nesta segunda-feira, tomando precauções para evitar a disseminação do novo coronavírus, à medida que tenta montar uma resposta para o aumento da destruição da floresta antes da temporada dos incêndios florestais.
As Forças Armadas, juntamente com autoridades ambientais, policiais e outras agências governamentais, começaram com uma operação em uma floresta nacional no Estado de Rondônia, perto da fronteira com a Bolívia, disse o vice-presidente Hamilton Mourão em entrevista coletiva.
O desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 55% nos primeiros quatro meses do ano em comparação com o mesmo período de 2019, de acordo com dados do governo divulgados na sexta-feira. A destruição atingiu uma alta de 11 anos no ano passado, provocando protestos de que o Brasil não estava fazendo o suficiente para proteger a maior floresta tropical do mundo.
"Nós não queremos que o Brasil seja colocado para o restante do mundo como vilão do meio ambiente.", disse Mourão.
O presidente Jair Bolsonaro autorizou o envio de tropas três meses antes do que foi feito em 2019, quando os incêndios na Amazônia ganharam as manchetes globais.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, disse que as Forças Armadas estão estabelecendo bases em três cidades amazônicas, com 3.800 soldados mobilizados contra extração ilegal de madeira e outros crimes, a um custo operacional inicial de 60 milhões de reais.
Azevedo disse que cada base também recebeu cinco especialistas em guerra química para ajudar a evitar a disseminação do novo coronavírus através das operações.
As Forças Armadas estão atualmente autorizadas para o destacamento por 30 dias, terminando em 10 de junho. Isso pode ser estendido com a aproximação da estação de seca, quando os incêndios florestais geralmente se espalham, e os militares procurarão ajudar na prevenção de incêndios, disse Mourão.
"Nós não temos dúvida de que o problema vai continuar a existir", afirmou. "Nós consideramos que não é o melhor emprego para as Forças Armadas tem que estar atuando constantemente nesse atuação, mas infelizmente é o meio que nós temos para conseguir impedir ou limitar que essas ilegalidades continuem ocorrendo".
As Forças Armadas continuarão sendo usadas até que as agências ambientais, como o Ibama, aumentem suas equipes, disse Mourão. A crise econômica e as restrições orçamentárias impediram o Ibama de contratar novos agentes, diminuindo suas fileiras.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, reconheceu que os dados do governo mostraram um crescente desmatamento este ano. Ele disse que o surto de coronavírus "agravou" a situação, sem dar mais detalhes.
Salles disse estar confiante de que as ações do governo sob a direção de Mourão conseguirão reduzir o desmatamento dos níveis elevados observados nos últimos dois anos.
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