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Chefe do FMI diz ser "muito provável" corte em previsões de crescimento com baque forte do vírus

25.jan.2019 - Kristalina Georgieva, presidente do Banco Mundial - Por Andrea Shalal e David Lawder
25.jan.2019 - Kristalina Georgieva, presidente do Banco Mundial Imagem: Por Andrea Shalal e David Lawder

De David Lawder

Em Washington (Estado Unidos)

12/05/2020 11h31

Por Andrea Shalal e David Lawder

WASHINGTON (Reuters) - A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, disse nesta terça-feira que "é muito provável" que o Fundo reduza ainda mais as previsões de crescimento global, já que o coronavírus está atingindo muitas economias com mais força do que o projetado anteriormente.

"Os dados recebidos de muitos países são piores do que nossas projeções já pessimistas", disse Georgieva durante uma conferência de webcast patrocinada pelo Financial Times.

"Muito provavelmente vamos apresentar a atualização de nossas projeções em junho, e, nesse ponto, (...) nossa expectativa é de que haja um pouco mais de más notícias em termos de como vemos o ano de 2020."

O FMI previa há um mês que os fechamentos de negócios e as quarentenas para retardar a propagação do vírus levariam o mundo à mais profunda recessão desde a Grande Depressão dos anos 30, com a economia global encolhendo 3% em 2020.

Sob o cenário base do FMI, que previa uma diminuição dos efeitos da pandemia na segunda metade deste ano, a projeção era de uma retomada da atividade em 2021, com crescimento de 5,8%. Mas o Fundo também avisou na época que a previsão era incerta e dependia de mais dados.

Os Estados Unidos perderam 20,5 milhões de empregos em abril, com a taxa de desemprego em 14,7%, e algumas autoridades norte-americanas alertam que os dados de maio podem ser piores.

O FMI normalmente revisa suas previsões da Perspectiva Econômica Global no início de julho. Georgieva disse que uma piora nos dados provavelmente significará que os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento precisarão de mais do que 2,5 trilhões de dólares em financiamento adicional para lidar com a pandemia.

A estimativa anterior do FMI dessa quantia --tanto dos recursos internos do país quanto do financiamento externo-- estava "na extremidade inferior", disse ela.

Georgieva esperava que esse número fosse revisado para cima quando o FMI divulgou suas novas previsões de crescimento econômico globais.

Um mês após as Reuniões de Primavera do FMI e do Banco Mundial, a chefe do Fundo afirmou que os membros do FMI ainda carecem de um acordo sobre a emissão de novos direitos especiais de saque (SDR, na sigla em inglês), um passo dado pela última vez em 2009 que alavancaria centenas de bilhões de dólares em liquidez a todos os membros do FMI, ricos e pobres.

Mas os membros continuarão analisando as necessidades de liquidez e os recursos do FMI, disse Georgieva.

A sustentabilidade de dívida continua sendo uma grande preocupação, acrescentou ela, e os países precisam construir economias mais resilientes para enfrentar as crises futuras.

Georgieva afirmou que o FMI está "muito interessado" em apoiar a Argentina, pois o país lida com a crise de coronavírus e com uma dívida insustentável.

"O que vejo na Argentina é realmente um governo que quer fazer a coisa certa para seu próprio povo e para seu papel na região (e) na economia mundial", disse Georgieva.