Ibovespa tem maior alta em 6 semanas apoiado em noticiário sobre pandemia
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou esta segunda-feira acima de 81 mil pontos pela primeira vez no mês, em meio a noticiário mais favorável ligado à Covid-19, particularmente sinais encorajadores de potencial vacina, além de perspectivas de mais estímulos e reabertura de economias.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 4,69%, a 81.194,29 pontos, maior alta percentual diária desde 6 de abril. Foi também o primeiro pregão do mês em que o Ibovespa fechou acima dos 81 mil pontos.
O volume financeiro somou 34,29 bilhões de reais, em sessão marcada pelo vencimento de opções sobre ações.
Nos Estados Unidos, a Moderna informou que sua vacina experimental contra Covid-19 mostrou potencial em um estudo de inicial, produziu anticorpos neutralizadores do vírus similares aos observados em pacientes recuperados.
Para muitos agentes financeiros, a descoberta de um medicamento ou de uma vacina contra o coronavírus representaria um ponto de inflexão para a crise, o que explica a forte reação positiva nos mercados.
Na visão do analista Rafael Ribeiro, da Clear Corretora, o resultado promissor de uma vacina elevou o apetite a risco, porque aumenta o otimismo sobre a reabertura da economia e minimiza o temor de uma segunda onda de contaminação.
A continuidade do processo de reabertura das atividades em países que sofreram fortemente com a pandemia de coronavírus, como Espanha, Itália e EUA, também alimentou apostas mais positivas em relação à retomada da atividade, embora o FMI tenha alertado que uma recuperação global não ocorra até 2021.
A equipe da Elite Investimentos também chamou a atenção para uma entrevista do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, no domingo, na qual afirmou que a recuperação poderá começar em breve se a reabertura nos EUA for cuidadosa, e disse que não faltará munição.
Em Wall Street, o S&P 500 avançou 3,15%, em dia marcado pela alta do petróleo e o minério de ferro na China.
A euforia externa ajudou a ofuscar o ambiente político nacional, que na visão da equipe do BTG Pactual, permanece conturbado, com vários focos de instabilidade, o que, além do problema do crescimento da pandemia, "deve assegurar um quadro bastante volátil para os ativos".
DESTAQUES
- AZUL PN e GOL PN dispararam 29,87% e 14,46%, encontrando respaldo na queda de 2% do dólar, além das perspectivas de reabertura de economias. Na sexta-feira, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou que as três principais aéreas no país aceitaram as condições financeiras da operação de socorro de bancos para o setor.
- CVC BRASIL ON saltou 19,24%, também beneficiada pelo cenário mais favorável com o relaxamento nas medidas de confinamento em vários países, que têm prejudicado a operadora de turismo, além da queda do dólar.
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON avançaram 8,1% e 9,72%, respectivamente, na esteira do salto dos preços do petróleo. A empresa anunciou que elevará o preço médio do óleo diesel nas refinarias em 8% a partir de terça-feira, primeira alta aplicada pela empresa neste ano.
- VALE ON valorizou-se 6,68%, após os futuros do minério de ferro na China terem a maior alta diária em 10 meses. A Vale também informou que retomou as operações de carregamento em seu centro na Malásia.
- ITAÚ UNIBANCO PN e BRADESCO PN avançaram 4,81% e 5,26%, respectivamente, embalados pela melhora no apetite a risco, enquanto investidores seguem acompanhando medidas contra os efeitos econômicos do coronavírus.
- MARFRIG ON perdeu 6,62% antes do balanço do primeiro trimestre, após o fechamento da bolsa, em sessão de perdas para o setor de proteínas, em meio à queda do dólar ante o real. JBS ON caiu 6,6%, após fechamento de unidade da Seara em Ipumirim (SC), que teve funcionários infectados pelo coronavírus. A empresa disse que irá recorrer. MINERVA ON cedeu 9,94%.
- SUZANO ON recuou 8,55%, em movimento também determinado pela taxa de câmbio. KLABIN UNIT fechou em baixa de 7,96%.
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